11 DE MARÇO DE 2017
69
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o requerimento de avocação,
apresentado pelo Bloco de Esquerda, é específico sobre duas normas, às quais já havia sido dado o consenso
de todas bancadas, e tem, apenas e só, a ver com o momento de aplicação do diploma, com a forma como a
legislação vigente se enquadraria com a nova legislação e com a sua entrada em vigor. Não pretendemos abrir
um debate político, pois consideramos que o debate está fechado com o que aconteceu em sede de comissão.
Há um conjunto de propostas nossas que poderiam ir mais longe no combate aos offshore, à fuga e à evasão
fiscais e pela transparência fiscal, mas teremos possibilidade de, num futuro próximo, debater estes temas aqui,
na Assembleia da República.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Eurico Brilhante Dias.
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, penso que esta é uma oportunidade
de o Partido Socialista afirmar, mais uma vez, que a estratégia para combater transferências para offshore, tem
duas dimensões, a primeira das quais é a do combate no sítio certo, em particular, nas instituições europeias,
para que a solução de transferências para offshore seja uma solução comum e não prejudique, de alguma forma,
a jurisdição nacional face a outras jurisdições. Quem quer resolver este problema ataca-o no sítio certo, e o sítio
certo são as instituições comunitárias, as instituições europeias.
Mas, no caso português, em Portugal, há outro aspeto central, que é o da transparência, mais transparência.
E o nosso voto favorável à publicitação — um projeto proposto pelo Bloco de Esquerda e que teve diferentes
alterações, propostas por diferentes grupos parlamentares — é também um sublinhado de que aquilo que
aconteceu nos últimos quatro anos, a não publicitação das transferências para offshore, foi um mau serviço que
o Governo PSD/CDS prestou à República e que não permitiu o adequado escrutínio de mais de 10 000 milhões
de euros.
Queria ainda dizer que, em grande medida, depois do dia de hoje, foi dado mais um passo em frente para
identificar beneficiários efetivos, foi dado um passo em frente na publicitação, foi dado um passo em frente com
a eliminação dos títulos de capital ao portador. E, para este passo, a bancada do Partido Socialista esteve na
linha da frente.
Agora, Sr. Presidente e Srs. Deputados, esta bancada está na linha da frente no combate às transferências
para offshore, mas não cairá em nenhum engodo, nem em nenhuma transferência de responsabilidade, que VV.
Ex.as queiram fazer para um Governo que, quando entrou em funções, não podia escrutinar,…
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, já terminou o tempo de que dispunha. A esta hora, temos de ser muito
rígidos.
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — … porque VV. Ex.as foram ineficientes e ineficazes naquilo que tinham
de fazer.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Na matéria que motiva estes
diplomas, vemos muitas vezes declarações bastante inflamadas aqui, no Plenário, que, depois, têm poucas
consequências do ponto de vista legislativo.
Já que estamos a falar destes diplomas, também é bom dizer que eles protagonizaram, há oito meses,
discussões muito inflamadas no Plenário sobre a urgência do tema, mas a verdade é que se passaram oito
meses até que alguns aparecessem, e ainda bem que hoje vão daqui sair.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ora!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — O CDS apresentou as suas propostas e teve propostas para discutir,
mas não deixa de ser interessante que a matéria seja sempre muito, muito urgente e que continuemos a adiar