18 DE MARÇO DE 2017
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É caso para dizer que, quando o CDS fica sem argumentos, vai buscar a tralha do costume!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — É mentira!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Inclusivamente, aquela operação de branqueamento do nazi-fascismo, que é
colocar no mesmo saco o nazi-fascismo e a ação hitleriana da II Guerra Mundial com aqueles que são hoje,
ainda, tributários do nosso respeito por 40 milhões de mortos que combateram o nazi-fascismo, como foi o caso
da União Soviética e de outros países que o fizeram.
Aplausos do PCP.
Protestos do CDS-PP.
Por isso, essa é uma opção política pela qual responde o CDS pelo posicionamento que coloca. Não
afirmámos aqui que o CDS tem uma ideologia neofascista; o que dissemos foi que o PCP, que se orgulha e tem
a honra de ser o partido, neste País, que, com mais firmeza, com mais coragem e com mais perdas, enfrentou
e lutou contra o fascismo e o neofascismo, não aceita lições nenhumas por parte do CDS em matéria de
democracia!
Aplausos do PCP.
Protestos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Vamos retomar o curso normal do debate.
Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, de Os Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.ª Secretária de Estado dos Assuntos Europeus:
Continuamos sem perceber as razões que levam a Europa a entregar às grandes multinacionais um alargado
conjunto de direitos e privilégios sem quaisquer contrapartidas.
Talvez por isso estes mecanismos de proteção de investimento já tenham sido apelidados, e com toda a
propriedade, diga-se, de «arquitetura da impunidade». De facto, é disto que se trata, porque as multinacionais
vão poder processar os Estados se estes tomarem decisões que comprometam a expectativa dos seus lucros.
Ora, isto significa que a preocupação dos Estados deixa de ser o interesse das populações, deixa de ser o
interesse público, porque, em primeiro lugar, é preciso não perturbar os lucros das multinacionais. Isto é
absolutamente inadmissível!
Por isso mesmo, Os Verdes aproveitam para anunciar que pretendem apresentar uma iniciativa legislativa
no sentido de que Portugal venha a rejeitar o CETA.
Mas, Sr.ª Secretária de Estado, no quadro do CETA, a Comissão Europeia lançou uma consulta pública
sobre o estabelecimento do chamado «Tribunal Multilateral de Investimento». Este tribunal, o MIC (Multilateral
Investment Court), é assumido como uma instância permanente para decidir disputas de investimento e, apesar
de pretender substituir os controversos mecanismos do ISDS ou do ICS, os aspetos mais gravosos vão manter-
se, não resolvendo os problemas relacionados com a proteção desmesurada às multinacionais, em detrimento
da democracia, dos direitos dos cidadãos, do desenvolvimento, da sustentabilidade, mas também da
sobrevivência das nossas micro, pequenas e médias empresas.
Esta dita «consulta pública» decorreu até esta semana; no entanto, o texto apenas estava disponível em
inglês. Ora, consideramos completamente errada e até inaceitável esta forma de proceder a consultas públicas,
não só porque são muito restritivas, mas, sobretudo, porque contrariam os princípios que devem nortear um
processo desta natureza e que são, aliás, pouco compatíveis com as regras democráticas.
Sr.ª Secretária de Estado, em bom rigor, podemos chamar «consulta pública» àquilo que se passou
relativamente ao nível do MIC? Aquilo mais parece uma palhaçada!
Já agora, Sr.ª Secretária de Estado, também pergunto se houve, da parte do Governo, alguma divulgação
desta consulta pública junto dos cidadãos e das organizações.