I SÉRIE — NÚMERO 66
26
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, gostava de começar por dizer
que, ao contrário daquilo que o PSD tem revelado, defendendo as coisas ou manifestando as suas preocupações
em função dos seus próprios interesses, fazendo uma coisa quando está no Governo e outra quando está na
oposição, Os Verdes, se, de acordo com a sua habitual coerência, manifestaram preocupação quando o
Governo PSD/CDS encerrou balcões da Caixa Geral de Depósitos, devem manifestar essa mesma preocupação
ao Governo do Partido Socialista quando se perspetiva o encerramento de balcões da Caixa Geral de Depósitos.
A pergunta que se impõe fazer ao Sr. Primeiro-Ministro é a seguinte: o que é que considera que resultará,
na prática, desse encerramento de balcões? A Caixa Geral de Depósitos perde espaço no território nacional?
Dá espaço aos outros bancos para ganhar clientes e negócios no território nacional? De onde sai a Caixa entram
outros bancos?
Preciso que o Sr. Primeiro-Ministro me responda a uma pergunta, que já tive oportunidade de fazer noutro
debate, e de cuja resposta me lembro bem: o Sr. Primeiro-Ministro garante que não haverá despedimentos na
Caixa Geral de Depósitos?
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, o plano que foi apresentado ao Governo,
enquanto acionista, é um plano que não prevê despedimentos, prevê redução do número de efetivos ao longo
de um período, por duas vias: reformas não substituídas por novas contratações e um programa de negociação
de rescisões por mútuo acordo.
Os próprios sindicatos têm sinalizado que sabem que há funcionários que têm interesse em rescindir o seu
contrato por negociação com a Caixa Geral de Depósitos.
Vozes do PSD: — Não é verdade!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, não haverá despedimentos coletivos e despedimentos involuntários.
O que haverá, sim, é uma redução de pessoal, com base no programa de reformas e com base num programa
de negociação de rescisões amigáveis. É isto que haverá na Caixa Geral de Depósitos.
O Sr. Presidente: — Tem, ainda, a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, de Os Verdes.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Registo as palavras do Sr. Primeiro-Ministro, que espero, de facto,
se venham a concretizar e reafirmo a ideia de que Os Verdes defendem uma Caixa Geral de Depósitos mais
robusta e não uma Caixa Geral de Depósitos mais pequenina no território nacional.
Sr. Primeiro-Ministro, queria também dizer aqui, em nome de Os Verdes, que as palavras do Presidente do
Eurogrupo foram absolutamente grosseiras e insultuosas para com o povo português e com outros povos do sul
da Europa e julgo que o mínimo que se pode pedir é, de facto, a demissão deste senhor, se é que merece este
nome.
Devo também recordar, eventualmente para que todos nos lembremos, que não foi o primeiro a insultar o
povo português e outros povos do sul. Lembram-se que a Sr.ª Merkel veio dizer que os portugueses tinham
férias a mais e se reformavam muito cedo? Também foi um insulto, Sr. Primeiro-Ministro. Lembram-se do
Ministro alemão Schäuble dizer que os países do sul eram uns invejosos? E, relativamente a Portugal, está
sempre a falar do «papão» de um novo resgate!
Isto é absolutamente inqualificável e demonstrativo da Europa que está à vista, e que não é de agora, Sr.
Primeiro-Ministro! Foi, de facto, a Europa que se foi construindo contra os povos e onde estas elites europeias
não têm respeito por nada nem por ninguém a não ser pelo seu próprio umbigo. Isto é, de facto, preocupante.
Sr. Primeiro-Ministro, mesmo para terminar — e porque aqui se falou da matéria da floresta —, gostava de
reafirmar a importância da força que Os Verdes fizeram junto do Governo do Partido Socialista no sentido de se
travar a expansão do eucalipto em Portugal.
Julgo que é muito importante para criarmos uma floresta mais resiliente, que é algo que não é feito de um
dia para o outro, mas é preciso dar passos nesse sentido.