24 DE MARÇO DE 2017
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No entanto, Sr.as e Srs. Deputados, uma coisa é a dialética e a retórica política, outra é a capacidade de
responder aos problemas concretos, graves que os portugueses vivem. Esses problemas, hoje, têm a ver, muito
claramente, com o aumento do desemprego, com a diminuição da criação de emprego para pessoas que estão
numa faixa etária acima dos 45 anos e com o desemprego de longa duração.
Com isso a atual maioria não está preocupada. Não trouxe nenhuma proposta, não tem nada a dizer sobre
uma realidade que a todos devia mobilizar para termos a capacidade de responder.
Acompanhamos bem de perto a preocupação do Partido Social Democrata sobre esta matéria e a verdade
é que, no nosso Governo, conseguimos reverter a medida que foi negociada pelo Partido Socialista para o
Memorando da troica relativamente ao corte de 10% para os casais, quando os dois membros do casal
estivessem desempregados. Conseguimos que esse corte de 10% não fosse implementado por uma razão
social.
A verdade é que o anterior Governo, preocupado com a realidade do aumento do desemprego de longa
duração, criou o programa Reativar. A verdade é que este Governo, volvidos 15 meses, não está a acompanhar,
não apresenta nada sobre isto, o que é extremamente grave. Gostávamos, pois, que o PS tivesse uma palavra
para responder aos portugueses que estão nessa situação.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Srs. Deputados, como se pode constatar, há ainda tempos disponíveis
para este debate. A regra que tem sido seguida pela Mesa é a de dar a palavra aos Srs. Deputados que o
desejem, pela ordem inversa da prioridade de intervenções.
Pausa.
Tem de novo a palavra a Sr.ª Deputada Maria das Mercês Soares, para uma intervenção.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Nos escassos segundos
que me restam, gostaria de dizer às bancadas do poder qual é o interesse e a motivação que têm para apoiar o
nosso projeto de resolução.
Não estamos apenas interessados em apoiar as pessoas com subsídios. Acusam-nos de sermos apenas
pessoas que querem cortar o subsídio de desemprego, mas o que queremos é valorizar os desempregados!
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Queremos dar-lhes competências, que irão ajudá-los a ingressar
no mercado de trabalho a partir do primeiro dia em que caiam no desemprego. Não é quando acaba o subsídio
de desemprego, é imediatamente a partir do momento em que caem na situação de desemprego, porque só
com competências estas pessoas podem ser competitivas e conseguir reingressar no mercado de trabalho.
Nesse sentido, gostaríamos muito de ouvir a opinião dos partidos que tanto se dizem defensores dos
trabalhadores, mas o que querem é apenas dar-lhes subsídios, sem se preocuparem com o seu ingresso no
mercado de trabalho.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Diana Ferreira, do
PCP.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Mercês Borges, dizem
que se deve valorizar os desempregados e, a seguir, o que os senhores fizeram, efetivamente, foi cortar 10%
no subsídio de desemprego. O que os senhores fizeram foi dizer a quem estava no desemprego: «Ao fim de
seis meses não arranjas emprego? Então, toma lá, ficas com menos 10% do subsídio de desemprego que tinhas
para poder sobreviver!».