I SÉRIE — NÚMERO 67
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Mas, solidariamente, o Bloco de Esquerda também apoiará medidas que terão de ser excecionais, razoáveis
e que, a curto prazo, melhorem a capacidade de os produtores e as suas famílias conseguirem enfrentar esta
situação de grande dificuldade.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado André Silva.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Debatemos hoje iniciativas de quatro
partidos que defendem que o Estado deve isentar a indústria de produção de leite do pagamento de
contribuições à segurança social.
Quatro partidos defendem que o Estado deve beneficiar uma das indústrias que mais contribui para a
emissão de gases com efeito de estufa, esgotamento de solos e contaminação de água.
São quatro propostas que não diferenciam os pequenos agricultores familiares que mais necessitam dos
monopólios que vêm obtendo lucros imensos com o negócio do leite.
São quatro iniciativas que não distinguem a produção extensiva ou biológica da produção química e intensiva,
que não respeita o ciclo de vida dos animais.
Queremos, ainda, deixar uma nota positiva ao PS e ao CDS, partidos que já não se encontram em estado
de negação e que assumem nos seus textos que um dos principais fatores para a baixa de venda de leite é a
opção dos consumidores.
A cada dia que passa há cada vez mais pessoas que abandonam o consumo de leite porque têm acesso a
vasta informação científica que evidencia claramente a relação entre o consumo de leite e várias doenças e
problemas de saúde. Esta informação é muito diferente da comunicação veiculada pelo marketing que se
encontra ao serviço do lacto negócio, tantas vezes passada de forma pouco digna.
Srs. Deputados, queiram defender o interesse comum, queiram respeitar os consumidores e, como a maioria
dos Srs. Deputados defende, deixem o mercado funcionar.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra o Sr. Deputado João Ramos, para uma segunda
intervenção.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Gostava de dizer que não é verdade que todos
os projetos em discussão apontem para a isenção do pagamento da contribuição à segurança social. A opção
do PCP não é esta mas, sim, a de defesa da produção nacional, porque entendemos fundamental defender a
produção nacional.
Cada litro de leite consumido em Portugal e não for produzido em Portugal significa que virá de fora, e nós
entendemos que há condições para que ele seja produzido no nosso País.
As intervenções dos Srs. Deputados demonstram que as medidas que foram tomadas não resolveram os
problemas, nomeadamente a medida de isenção do pagamento da contribuição da segurança social, que vem
desde 2015 e que, apesar de no início ter sido entendida como uma medida temporária, já vai no terceiro ano
de aplicação. Por isso, é preciso outro tipo de apoios.
Assim, o PCP defende apoios extraordinários à produção, entendendo que também é preciso colocar um
travão à ação da grande distribuição, que utiliza o leite, desvalorizando-o, como isco para atrair clientes.
É preciso trabalhar em conjunto com outros países da União Europeia para exigir a reposição do sistema de
regulação.
O que o PCP faz é desafiar os Srs. Deputados que concordam…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe o favor de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. João Ramos (PCP): — Termino já, Sr. Presidente.
Como eu estava a dizer, os Srs. Deputados, numa larga maioria, concordam em que é preciso apoios para
o setor leiteiro. Por isso, desafio os Srs. Deputados a encontrarem esses apoios e essas soluções fora do
orçamento da segurança social, sem o delapidar.