24 DE MARÇO DE 2017
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Aplausos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção de abertura, em nome do Governo, tem a palavra o Sr. Secretário
de Estado do Tesouro, Álvaro Novo.
O Sr. SecretáriodeEstadodoTesouro (Álvaro Novo): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O assunto
que nos traz hoje aqui tem sido amplamente discutido na sociedade portuguesa nos últimos anos.
A crise da dívida soberana colocou Portugal nos holofotes do mundo, mas o mais importante foi o facto de
ter exigido dos portugueses um esforço financeiro e social acrescido. O aumento enorme de impostos, anunciado
em 2012, o subsequente aumento do desemprego e a recessão económica foram aspetos muito palpáveis para
todos os portugueses.
A política económica do Governo é conduzida com total respeito pelos compromissos que o País assumiu
no passado e que honrará, hoje e no futuro.
Contudo, porque há uma alternativa às políticas do passado, como os resultados orçamentais e económicos
de 2016 demonstram, a gestão da dívida pública, não deixando de ser exigente, será feita num contexto
económico e social mais sustentável. Para isso, é necessário reunir três condições essenciais: uma política
orçamental responsável; aumentar o crescimento económico real e nominal; e assegurar melhores condições
de financiamento.
Relativamente à política orçamental, o novo rumo escolhido pelo XXI Governo está a revelar-se como uma
melhor e mais credível alternativa. Como o Sr. Ministro das Finanças disse, em comissão parlamentar, o défice
das administrações públicas, em 2016, não excederá os 2,1% do PIB. O Governo cumprirá a sua palavra, contra
as expectativas e anúncios precoces de um desastre.
Adicionalmente, a despesa primária do Estado é inferior à sua receita. Ou seja, o Estado consegue não só
financiar com receitas próprias as suas funções básicas como gerar uma poupança. O excedente primário daí
resultante permite financiar uma parte substancial dos juros da dívida. Em 2016, este excedente primário ter-se-
á situado nos 2,3% do PIB e, em 2017, a Comissão Europeia estima que será o mais elevado da área do euro.
Aliado a isto, na segunda vertente, a do crescimento económico, os resultados também vão na direção certa.
Em 2016, tivemos mais emprego (um crescimento de 2,4% no setor privado no final do ano), menos
desemprego (fechámos o ano com uma taxa de desemprego de 10,2%), mais remunerações (um aumento de
5% nas remunerações declaradas), empresas mais sustentáveis e mais viradas para o mercado externo
(maiores ganhos de quotas de mercado) e uma carga fiscal mais amiga do crescimento (uma opção clara pela
fiscalidade indireta, reduzindo os impostos em percentagem do PIB de 25,4%, em 2015, para 25%, em 2016.
Ou seja, estamos a dar melhores condições às empresas e aos trabalhadores para honrar os compromissos
do seu País.
As projeções económicas para 2017 têm sido revistas em alta por todas as instituições. A aceleração
observada durante o 2.º semestre de 2016 terá um efeito positivo sobre o crescimento económico, que tornará
mais sustentável a dívida pública portuguesa.
Finalmente, no terceiro pilar da sustentabilidade da dívida pública estão as condições de financiamento. As
taxas de juros são endógenas aos elementos estruturantes das economias. Os resultados alcançados em 2016
na frente orçamental e económica refletir-se-ão em melhores condições de acesso ao mercado.
Em 2015 e 2016, Portugal emitiu nova dívida com um custo inferior à média do stock da dívida, o que permitiu
baixar o custo médio de financiamento de 3,6%, em 2014, para 3,2%, em 2016.
Em paralelo, o Governo, através do IGCP (Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público), está a
seguir uma política de financiamento responsável. A maturidade da dívida passará de 6,9 anos em 2013 para
8,4 anos no final de 2017. Simultaneamente, têm-se diversificado as fontes de financiamento, passando de três
instrumentos para cinco, bem como se têm alargado o leque de investidores interessados.
Complementarmente, o fortalecimento da união bancária, o reforço do pilar orçamental na política europeia
e o papel reforçado que a política monetária do BCE (Banco Central Europeu) tem tido também são fatores que
contribuirão para a sustentabilidade da dívida pública portuguesa.