24 DE MARÇO DE 2017
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Aplausos do PS.
E podemos trabalhar para construir alianças no quadro multilateral europeu.
Primeiro, temos de reduzir as taxas de juro com melhor gestão da dívida pública e melhor gestão da
tesouraria do Estado.
Segundo, é do interesse nacional estender o programa de compras de ativos do BCE para lá de 2017 e tornar
mais justas e favoráveis a Portugal as condições de elegibilidade para a compra de títulos da dívida.
Terceiro, é necessário uma extensão das maturidades e redução de juros junto de credores oficiais externos,
porque só isso irá ajudar a diminuir os encargos com a dívida.
Para terminar, diria que o Partido Socialista está determinado em reduzir significativamente os encargos com
a dívida pública, libertando os impostos dos portugueses para aquilo em que devem ser usados: a melhoria da
qualidade de vida e do bem-estar dos portugueses.
O caminho que temos pela frente não é fácil, mas estamos empenhados em prossegui-lo sem hesitações.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Começo por cumprimentar o PCP
por trazer este tema e pela proposta de criação de uma comissão eventual, pois penso que o Parlamento
ganhará se poder conhecer todo o trabalho que já foi feito na sociedade sobre esta matéria, que vai desde o
Manifesto dos 74, a vários estudos independentes, aos contributos do grupo de trabalho que o Bloco de
Esquerda mantém com o PS e com o Governo e que, em breve, serão conhecidos. Penso que todos estes
contributos são úteis para o Parlamento e todos eles têm um ponto em comum, todos eles partilham o
reconhecimento de uma evidência, a de que a dívida púbica não é sustentável no longo prazo e que o seu stock,
neste momento, constitui um constrangimento à recuperação económica do País. E, Srs. Deputados, quando
tratamos de algo tão sério como a dívida pública, não vale a pena alinhar em falsos moralismos sobre as causas
do endividamento, porque quem não se deixar levar pelos preconceitos ou pelas tentações punitivas de
presidentes do Eurogrupo, por exemplo, sabe bem que as causas da dívida estão muito mais na especulação
financeira, estão muito mais na recessão económica, estão muito mais nas falências dos bancos, estão muito
mais nas PPP (parcerias público-privadas) do que estão nos pecados dos «preguiçosos do sul», que mais não
fizeram do que trabalhar e aguentar as consequências da austeridade.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Portanto, Srs. Deputados, olhar para este problema com seriedade não é
negar a sua existência nem é agitar papões, falando dos pequenos aforradores ou dos detentores dos
certificados de aforro. O Bloco de Esquerda nunca propôs uma reestruturação da dívida que reestruturasse a
dívida em certificados de aforro; pelo contrário, sempre propôs a proteção dos pequenos aforradores mas não
dos especuladores, e essa é uma diferença que vale a pena registar.
Olhar para este problema com seriedade também é reconhecer a sua importância e responder aos problemas
que afetam o País. E há dois problemas que afetam o País com a dívida pública.
O primeiro é este: Portugal tem o maior saldo primário da Europa. O Estado português dá um lucro superior
àquele que dá o Estado alemão, são 2,5% do PIB anuais.
Todo este dinheiro, e ainda mais um, é diretamente levado para pagar juros da dívida pública, que também
são dos mais altos da Europa e que todos os anos nos consomem mais do que todo o lucro que o Estado dá
com todos os impostos que são pagos, deduzindo todas as despesas que são pagas.
Portanto, quer dizer que todos os anos há um SNS inteiro que vai diretamente para o pagamento de juros da
dívida e para o exterior, o que quer dizer que todos os anos o País é privado de recursos que são essenciais ao
seu desenvolvimento e ao seu crescimento. E isso não vai acontecer só neste ano, não vai acontecer só no