I SÉRIE — NÚMERO 70
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Mesmo na passada Legislatura, num momento em que o País tinha preocupações bastantes distantes e
muito urgentes numa perspetiva orçamental e financeira, existiram progressos absolutamente inequívocos nesta
matéria de que o Grupo Parlamentar do PSD se orgulha em particular.
Não podemos é andar de lanterna na mão no nosso regime jurídico em busca de eventuais desigualdades,
que, muitas vezes, não o são, tentando corrigir situações eventualmente mais para lançar uns foguetes e fazer
uns fogos-fátuos do que para corrigir eventuais discriminações.
Dirigindo-me diretamente ao Bloco de Esquerda, devo dizer que o Bloco de Esquerda tem uma proposta em
debate que reputamos, no mínimo, estranha.
O Bloco de Esquerda alega que há uma discriminação e, por isso, vai igualar o prazo internupcial de 180
dias, quer para os homens quer para as mulheres. Mas há aqui vários problemas.
Primeiro, se o Bloco de Esquerda não se preocupa com a presunção de paternidade — e não deve preocupar-
se porque o Bloco de Esquerda, num pontapé na sistematicidade óbvia do Código Civil, muda e desconsidera o
prazo internupcial,…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — É verdade!
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — … mas não mexe nas regras da presunção da paternidade —, que,
sublinhe-se, foi imposta no Código Civil não como pretexto de qualquer discriminação mas para proteger os
direitos da criança, então, pergunto: porquê manter o prazo de 180 dias?
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Não leu todo o projeto de lei!
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — A Sr.ª Deputada Sandra Cunha disse da tribuna que o prazo
internupcial tinha razões de fundo de natureza retrógrada, de natureza conservadora. Então, porquê manter o
prazo de 180 dias?!
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — É para manter um prazo de recato?!
Será que, de repente, o Bloco de Esquerda assume aqui, no Parlamento português, uma pose retrógrada e
conservadora ao considerar que deve existir um prazo de 180 dias por razões de mero decoro social?! É o que
parece, Srs. Deputados.
Não é lógico, é uma proposta atabalhoada, é uma proposta juridicamente muito duvidosa e que deveria ter
sido bem refletida antes de ser apresentada.
Repito, o PSD encara esta matéria com a maior das responsabilidades. Estamos dispostos a discutir os
projetos, designadamente o do Partido Socialista, com todo o rigor na fase da especialidade.
Temos reservas em relação a todos eles, inclusivamente a alguns aspetos do projeto do Partido Socialista,
mas consideramos que pode ser trabalhado, porque, de facto, há avanços científicos e tecnológicos que, neste
momento, fazem perspetivar num outro sentido as regras que estavam no Código Civil, independentemente de
considerar que eles não tinham nenhum intuito discriminatório, o que nós recusamos de forma plena e cabal.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Vânia Dias
da Silva.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, aproveito para vos
cumprimentar.
Começo por recentrar este debate e esta discussão. Todos os Srs. Deputados que apresentaram estes
projetos trataram-nos como se fosse uma questão de igualdade.