8 DE ABRIL DE 2017
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O Sr. João Galamba (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Inês Domingos, parece haver alguma confusão
entre dimensões da supervisão e queria apenas perguntar-lhe se considera ou não que a supervisão
macroprudencial, que tem interseções com a política orçamental e com a política macroeconómica, deve ser
conduzida exclusivamente por uma entidade independente.
Digo-lhe já, Sr.ª Deputada, que, se o PSD defender isso, nem o Governador do Banco de Portugal nem o
Banco de Portugal concordam com essa posição do PSD, e pode perguntar ao Banco de Portugal e ao
Governador do Banco de Portugal se entendem ou não que a política de supervisão macroprudencial tem fortes
ligações com a política orçamental e com a política de estabilização macroeconómica. A política de supervisão
macroprudencial pode, por exemplo, assumir dimensões fiscais, porque não tem de ser apenas do género
prudencial, como é hoje feita pelo Banco de Portugal, implicando aumentos de rácios de capital.
Portanto, gostava que o PSD fosse claro e que dissesse se considera ou não que a política macroprudencial,
uma nova área da estabilização financeira, que tem uma fortíssima ligação à política económica e que só pode
ser conduzida por um governo, deve estar divorciada da política do Governo e do controlo do Governo. Se o
PSD defender isto, então, é bom que o PSD saiba que nem o Banco de Portugal tem esta posição e que o PSD
ficaria, assim, sozinho na defesa de uma opção que nos parece profundamente irracional.
Se há algo que é da responsabilidade de governos é a condução da política económica e se há uma área da
supervisão que tem ligações com a política económica, ela não pode estar divorciada da condução da política
económica e ser conduzida apenas e só por uma entidade independente.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês Domingos para responder.
A Sr.ª Inês Domingos (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Galamba, obrigada pela sua pergunta.
A única coisa que queremos fazer é evitar que o Governo se torne o controleiro político do Banco de Portugal.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles para uma
intervenção.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Acho importante que este
debate clarifique as coisas, pelo que é preciso que cada um diga aquilo que quer fazer e ponha as cartas na
mesa.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Está a falar para o CDS?
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Deputado Eurico Brilhante Dias, o PS diz que é preciso um bisturi
fino e que é preciso estudar. Srs. Deputados, se ainda não estudaram até ao fim o que é preciso fazer, se é
preciso um bisturi ou se é preciso um martelo, terão de perceber isso mais tarde.
Em todo o caso, Sr. Deputado, gostaria de o interpelar em relação a uma frase que aqui disse. Disse o
seguinte: «Não vale a pena tratar um problema deixando os outros por resolver.» Sr. Deputado, acho que vale
a pena tratar um problema e depois ir tratar dos outros.
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Vale a pena é não haver mais problemas!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Aquilo que não vale a pena é, num momento do tempo, dizer assim:
«Mais vale deixar todos os problemas por resolver e não tratar de nada.» Isso não tem nenhum sentido.