I SÉRIE — NÚMERO 79
10
passageiros, ao nível da economia portuguesa. Mas não foi nada disto que aconteceu. A chamada «fiscalidade
verde» apenas incidiu sobre o aumento do preço dos combustíveis e nada se alterou em termos de política de
transportes, em termos de política de fiscalidade, que favorecesse as opções ambientalmente mais sustentáveis.
Se essa alteração tivesse ocorrido, poderíamos estar a discutir hoje uma nova maneira de utilizar a
fiscalidade sobre os combustíveis como forma de alterar o perfil da mesma e também as escolhas em termos
de procura de transportes, tanto ao nível de mercadorias como ao nível de passageiros. Desta forma, poder-se-
ia começar a fomentar as opções de transporte de forma a tornarem-se mais amigas do ambiente e, sobretudo,
mais sustentáveis em termos de economia e de futuro ambiental.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: O CDS continua a
fazer o que pode ao nível da ginástica acrobática para tentar apagar da memória dos portugueses os aumentos
brutais dos impostos que aprovou com o PSD, no Governo anterior.
Continuam as piruetas, as cambalhotas e os flic-flac à retaguarda…
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — O Deputado Bruno ainda vai arranjar uma hérnia com este flic-flac
do Governo!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … para ver se as pessoas se esquecem de que o CDS e o PSD, enquanto
Governo, impuseram o aumento da carga fiscal também nos combustíveis e não num quadro de preços
historicamente baixos, como em 2016, mas, sim, em 2014, numa alta de preços. Ou seja, quando os
consumidores já estavam a ser penalizados, foram confrontados com um sacrifício ainda mais grave pelo
Governo PSD/CDS, com a taxa de carbono.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — E os senhores esquecem-se de que apoiam este Governo!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Estávamos em 2014 e o Sr. Deputado Mota Soares estava onde? Estava no
Conselho de Ministros a aprovar as medidas.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Ora vejam bem!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Estas discussões, Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo e Srs. Deputados,
têm de ser feitas com seriedade e com coerência. E aquilo que se afirmou e se defendeu em 2014, em 2011 e
nos anos anteriores, deveria ser reafirmado hoje por quem fez as respetivas afirmações.
O PCP reafirma hoje o que sempre disse sobre esta matéria: a carga fiscal sobre os combustíveis é
penalizadora para os consumidores, para as populações, para as micro, pequenas e médias empresas.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — A carga fiscal sobre os combustíveis já é penalizadora e pesada há muitos anos,
e não ficou assim em 2017, nem sequer em 2014, é resultado da prática que tem sido seguida por sucessivos
governos e que continua a fazer-se sentir sobre as populações, as empresas e os setores produtivos.
O PCP não ignora, nem aceita como isenta de críticas, a decisão que foi tomada no sentido de retirar o
mecanismo de compensação fiscal, no quadro do ISP, e defende que esse mecanismo deveria, e deve, continuar
a manter-se e a aplicar-se. Afirmámos na altura que seria uma medida insuficiente e pontual, mas positiva, e
que seria um avanço importante e assinalável que deveria manter-se. Reafirmamos hoje o que dissemos então,
não andamos em cambalhotas e piruetas como o CDS e o PSD.
Protestos do CDS-PP.