22 DE ABRIL DE 2017
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A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — E é interessante lembrar o que diz, sobre a atual perseguição aos
cristãos, o Presidente do Congresso Mundial Judaico.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Agora, oiçam!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Diz ele o seguinte: «O povo judeu sabe bem demais o que acontece
quando o mundo escolhe o silêncio. Esta campanha de morte contra os nossos irmãos cristãos tem de ser
parada».
Talvez também fosse esta a ideia de Manuel Alegre, quando disse: «Não há meias liberdades. Quando se
ameaça a liberdade de alguém, ameaça-se a liberdade de todos».
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ora bem!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Por isso, podemos ignorar a crueza dos dados recolhidos em diversas
fontes, que, sem nada tirarem de nenhum outro grupo, justificam o facto de termos destacado os cristãos.
Escolher ignorar estes factos tem um nome, chama-se «preconceito». E é exatamente por isso que este voto
faz sentido.
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Concluído o debate do projeto de resolução n.º 775/XIII (2.ª),
passamos à discussão conjunta, na generalidade, dos projetos de lei n.os 419/XIII (2.ª) — Revoga o regime
fundacional e estabelece um modelo de gestão democrática das instituições públicas de ensino superior
(primeira alteração à Lei n.º 62/2007, de 10 de setembro, que estabelece o regime jurídico das instituições do
ensino superior) (PCP) e 501/XIII (2.ª) — Altera o regime jurídico das instituições do ensino superior, introduzindo
a paridade, reforçando o funcionamento democrático das universidades e extinguindo o regime fundacional (BE).
Para apresentar a iniciativa do PCP, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Mesquita.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Há 10 anos, em consequência de um
processo de verdadeira imposição legislativa pelo Governo de então decorrido num tempo recorde de 13 dias,
surgiu o regime jurídico das instituições de ensino superior, ou RJIES. Logo em 2007, o PCP considerou que se
tratava de uma proposta profundamente negativa para o ensino superior e, globalmente, para todo o sistema
público de ensino.
O RJIES acarretou um rude golpe na autonomia do ensino superior público, porque consubstanciou a visão
que elege o mercado como principal fator de desenvolvimento das sociedades, convocando o aparelho escolar
a melhor servir a competição económica capitalista, secundarizando o papel estrutural que o ensino superior e
a investigação têm para o desenvolvimento do País e para a emancipação individual e coletiva. Ao mesmo
tempo, e por esta sua natureza, o RJIES ignora olimpicamente o principal problema do ensino superior público,
que é o desinvestimento de décadas a que tem estado sujeito. E sem investimento, Sr.as e Srs. Deputados, não
há autonomia possível.
A transformação das instituições em fundações — entidades públicas de direito privado — promove a
desvinculação entre essas instituições e o Estado e a subversão do seu papel, enquanto espaços de criação e
difusão livre do conhecimento. Trata-se de mercantilização e de um caminho para a privatização, que
presentemente já ocorre, na prática, em vários aspetos nas universidades-fundação: pelo aumento da
precariedade e fragilização das relações de trabalho, com o crescimento em flecha da contratação pelo regime
privado de docentes e não docentes; pela alienação de património e concessão de espaço público; pela primazia
dada aos privados no governo das instituições em detrimento da gestão democrática constitucionalmente
prevista, menorizando o papel dos corpos académicos face a entidades externas; pela subjugação e
condicionamento da liberdade científica, pedagógica e da verdadeira autonomia a interesses alheios às
instituições.