I SÉRIE — NÚMERO 79
36
A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — … mas, Srs. Deputados, nunca pensámos ou, sequer, admitimos a extinção
das caraterísticas deste regime, pois na prática o que importa é dar estabilidade às instituições, é garantir mais
autonomia e flexibilidade de gestão. É disto que se trata, Srs. Deputados.
Por outro lado, não faz sentido algum extinguir o RJIES ou revogar o regime fundacional sem se fazer uma
avaliação séria dos seus resultados.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — Essa avaliação não foi feita e não está feita.
Srs. Deputados, sei que tentam muitas vezes fazer em 2017 a história que não fizeram em 1974 e 1975, mas
não façam de conta que não passaram 43 anos e não façam de conta que não estão neste Governo.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Srs. Deputados, foi detetado um erro no quadro eletrónico onde
constam os tempos de que dispõem os grupos parlamentares, erro esse que vai ser imediatamente corrigido.
Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa, do CDS-PP, que disporá dos 3
minutos que lhe correspondem na íntegra.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Muito obrigado, Sr. Presidente.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O que estamos a discutir hoje já foi amplamente desenvolvido pelos
partidos que apresentaram os seus projetos de lei — uma revisão extensa do RJIES, o fim do regime
fundacional, uma gestão democrática direta das instituições e até o fim do regime binário no ensino superior.
Muito genericamente, quanto às fundações, elas têm funcionado bem e não se percebe qual é exatamente
o problema que o PCP e o Bloco pretendem resolver. A Universidade do Porto, a Universidade de Aveiro, o
ISCTE ou a Universidade do Minho vieram pedir a reversão? Recentemente, a Universidade Nova não aprovou,
por unanimidade, a passagem a fundação no Conselho Geral?
Só mesmo o PCP e o Bloco é que pedem esta reversão quando lhes falta outra agenda.
Protestos da Deputada do PCP Ana Mesquita.
Quanto ao regime binário, trata-se de uma alteração estrutural que o Sr. Ministro já disse não aceitar e que
tem, de resto, implicações na Lei de Bases — que os senhores não quiseram rever — e em diversos decretos-
leis de graus e diplomas. Não deve, por isso, ser enxertado assim, de forma estranhamente discreta.
Quanto à introdução de quotas de género, o Bloco de Esquerda bem sabe que este assunto está a ser tratado
noutra sede.
O Sr. Luís Monteiro (BE): — É o que está na lei! Não conhece a lei?!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Portanto, para o CDS, a pergunta relevante não é o que estamos a
discutir hoje, mas porque o estamos a discutir hoje. E a resposta é muito simples: estamos hoje a fazer este
debate, em primeiro lugar, porque o RJIES e o regime fundacional são assuntos historicamente fraturantes entre
o PS e os partidos mais à sua esquerda; em segundo lugar, porque os senhores gostam de discutir às claras as
vossas divergências, convencidos que estão de que essa é a forma mais democraticamente saudável não de
encontrarem soluções, mas de preservarem a vossa identidade; e, em terceiro lugar, porque é a única
oportunidade que o PCP e o Bloco têm de acenar com posicionamentos que agora, finalmente tão próximos do
poder, não têm força para fazer valer.
Sr.as e Srs. Deputados, a posição do CDS é clara: somos a favor da autonomia reforçada das instituições de
ensino superior e até podemos reabrir o dossier do RJIES, que deve ser avaliado, mas no sentido de o melhorar,
não para voltar a um passado ineficaz.
Portanto, da parte do CDS, damos todo o espaço para que os senhores dirimam de forma saudável e
democrática as vossas diferenças e não entramos numa discussão que não nos pertence — de resto, como