22 DE ABRIL DE 2017
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fizemos há poucos dias, exatamente durante a discussão deste tema na especialidade em comissão, em vários
momentos de rutura entre o PS, o PCP e o Bloco. Mas, no fim de tudo discutirem, eis o que acontecerá: o PCP
e o Bloco recolherão estrondosamente a bandeira do fim das fundações e tornar-se-ão democraticamente
cúmplices do que quer que seja que o Governo do PS entenda fazer.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, do Partido
Socialista, para uma intervenção.
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, gostava de
saudar as duas iniciativas em discussão, dando nota de que, do lado da direita, ainda não há uma compreensão
clara de como funciona a diversidade parlamentária das iniciativas e da forma como cada partido se posiciona.
Apesar de discordarmos, é salutar a discordância e é salutar a possibilidade de podermos colocá-la a nu perante
a Câmara, que tem legitimidade democrática, para discutir o que é consensual e o que não é. Acho que discutir
as diferenças só enriquece os regimes jurídicos que discutimos e também a posição de cada um e daqueles que
aqui procuram representar os cidadãos.
Quanto a este tema, gostaríamos de sublinhar, muito sinteticamente, alguns aspetos.
Em primeiro lugar, achamos que o RJIES tem tido um resultado globalmente positivo: abriu as instituições
na sua interação com a sociedade civil, promoveu a internacionalização, deu ferramentas de gestão
particularmente relevantes e importantes para que as instituições do ensino superior enfrentem os desafios de
uma área global de ensino superior no plano europeu.
Portanto, parece-nos que o seu balanço é globalmente positivo, o que não significa que se feche a porta à
disponibilidade e à necessidade de, 10 anos volvidos sobre a sua aprovação, discutir alterações. No entanto, e
quanto a esta questão, não acompanhamos — efetivamente, assim é —…
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Ah, a sério?!…
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — … as iniciativas apresentadas pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda no
que respeita a dois aspetos nucleares, um, relativo ao regime fundacional e outro, relativo à configuração do
modelo binário. Não estamos de acordo quanto a estes pontos e, por essa razão, não poderemos votar
favoravelmente as duas iniciativas.
Não obstante, gostaríamos de sublinhar que há matérias relevantes e particularmente pertinentes naquilo
que é submetido a discussão. Aliás, muitas delas foram apresentadas pelo Partido Socialista, até já na legislatura
passada, no momento em que entendemos que fazia sentido reforçar o funcionamento democrático dos órgãos
de gestão, reforçar a participação das mulheres e garantir a existência de quotas na composição das listas
candidatas aos órgãos das instituições de ensino superior. Por isso mesmo, pensamos que há um caminho que
está aberto e que continuará a ser trilhado nos meses que se seguirão, com vista a alcançar estes objetivos,
que reforçam a transparência, reforçam a participação e reforçam a robustez democrática das instituições.
O método também é uma matéria relevante e, estando a decorrer um processo de avaliação, um processo
articulado com a OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico) para fazer um balanço
de como decorreu o regime fundacional, de como decorreu a implementação, ao longo dos últimos 10 anos,
deste regime jurídico e de como ele pode, efetivamente, beneficiar em sede de benfeitorias, parece-nos também
que não é este o momento ainda para proceder a este debate e ao arranque de uma discussão em sede
parlamentar. Contudo, esse momento estará para breve, logo que sejam conhecidos os resultados da avaliação,
logo que o grupo de trabalho que foi constituído no quadro do conselho consultivo das instituições de ensino
superior possa realizar a sua avaliação — que, aliás, terá como preocupação auscultar as instituições, auscultar
estudantes, docentes, funcionários não docentes e permitir, efetivamente, um enquadramento mais alargado e
plural.
Por isso, sinteticamente e sumariando, não podemos acompanhar as iniciativas, mas algumas matérias
abordadas são valiosas e merecerão a nossa concordância num outro momento, quando houver essa
oportunidade de fazer o debate em sede parlamentar e após esta avaliação que está a decorrer.