22 DE ABRIL DE 2017
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democracia diminuiu e a lógica da «escola-empresa» instalou-se na academia. Defender um verdadeiro modelo
de autonomia significa garantir mais investimento, libertar a produção científica e a difusão do conhecimento das
amarras dos interesses privados e combater a precariedade e a exclusão social. É essa a proposta do Bloco.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Nilza de
Sena, do PSD.
A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Com estes projetos de lei
apresentados pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda, verificamos que todos os dias os partidos mais à esquerda
arranjam um problema diferente. Arranjam problemas como se não fizessem parte hoje dos partidos do arco da
governação, dos que suportam o Governo. E é verdade que o Ministro já disse qual era a sua posição sobre
isto.
Gostava de perceber por que é que o Bloco de Esquerda e o PCP se posicionam desta maneira: à segunda-
feira e à quarta-feira, com o Governo e, à terça-feira e à quinta-feira, na oposição.
O Sr. Luís Monteiro (BE): — Porque o Governo não é a Assembleia! Não está habituada a isso?!
A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — De facto, o PCP vem hoje apresentar, em Plenário, uma visão das instituições
públicas de ensino superior completamente desfasada da realidade. Num mesmo diploma, coloca em causa o
modelo binário, o modelo de gestão, o regime fundacional, o RJIES, as propinas… Ou seja, numa palavra,
colocam em causa tudo!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — E o PSD?!
A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — Este projeto de lei, além de anacrónico, é uma verdadeira utopia do caos,
que percebo que entusiasme os comunistas, mas que não tem qualquer adesão à realidade — aliás, como
sempre!
Senão, vejamos: desde o 25 de Abril que a rede pública é oficialmente binária, isto é, universitária e
politécnica. Assistimos ao aparecimento da rede de ensino particular e cooperativo e, de um modo geral, depois
de 1980, assistimos também ao desenvolvimento assinalável do sistema — isto é inegável.
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
Regionalizou-se a oferta de formação, concedeu-se autonomia pedagógica, científica, administrativa e
financeira a estas instituições. Internacionalizámos as nossas instituições e atraímos cada vez mais estudantes
estrangeiros.
Temos, por isso, um sistema de ensino superior com capacidade. Há muitas universidades portuguesas em
rankings internacionais e há politécnicos de qualidade.
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
Não vejo onde está o problema do modelo binário. Quando muito, poderíamos acentuar a sua missão.
Quanto ao RJIES, sabemos que resultou de uma auscultação feita em 2005 e, depois, de uma publicação
em 2007. Temos vivido bem com ele, mas podemos melhorá-lo, é um facto. O RJIES, tal como foi pensado, tem
lacunas, merece clarificações em muitas áreas, nomeadamente quanto à questão das universidades-fundação.
O PSD revia-se mais num regime de autonomia reforçada que clarificasse algumas questões levantadas pelo
regime fundacional,…
O Sr. Luís Monteiro (BE): — Então por que é que não apresentaram propostas?!