6 DE MAIO DE 2017
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O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Srs. Deputados, a Mesa não regista nenhuma inscrição para
formulação de pedidos de esclarecimento à Sr.ª Deputada Odete João, pelo que dava a palavra, para uma
intervenção, ao orador seguinte, que é o Sr. Deputado Emídio Guerreiro.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O PSD quer mais poder para as
escolas, para os professores e para os seus órgãos.
O PSD quer mais autonomia, mas autonomia não é isolamento, não é sectarismo, é abertura. É com o
envolvimento de todos — a direção, os professores e as famílias — que potenciamos a melhoria dos resultados
escolares.
Quem quer transformar as escolas em pequenas extensões da FENPROF ficará desiludido e não gosta da
nossa proposta. Quem quer, sob falso pretexto de democraticidade, tornar as escolas ingovernáveis e fechadas
sobre si mesmas, ficará desiludido. Quem quer transformar as escolas em pequenos feudos de poderes
absolutos não contará connosco.
Mas quem acredita que a transparência, a coresponsabilização, a partilha, a colaboração e o equilíbrio de
poderes são elementos que reforçam a democracia e a liderança sabe que este é o caminho certo.
Mais e melhor autonomia para as nossas escolas reforçará o sucesso educativo.
Nós acreditamos que deve ser a escola, no seu projeto pedagógico, através dos seus órgãos, a estabelecer
os critérios de constituição de turmas.
Nós acreditamos que quem está mais próximo dos alunos, a direção e os seus professores, saberá adotar
os critérios mais ajustados e adequados à promoção do sucesso. Se a esquerda radical desconfia dos
professores, dos diretores e dos órgãos escolares, o PSD não!
Nós confiamos nos professores e nos órgãos das nossas escolas!
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A esquerda radical prefere acreditar nos erros cometidos pelo atual
Ministro da Educação, desde logo o regresso ao facilitismo, pois, agora, promovem-se as passagens
administrativas e recusa-se a avaliação externa.
Os senhores acabaram com os exames e inventaram provas de aferição em anos escolares sem paralelo
nos países de referência. Em prol de uma reforma nominal, coloca-se em risco a comparabilidade dos resultados
escolares com os restantes países.
Os senhores reverteram as medidas introduzidas, medidas que nos colocaram em patamares nunca vistos
em relatórios internacionais, como o PISA (Programme for International Student Assessment), bem como nos
que comparam os resultados do ensino da matemática e das ciências.
Os senhores rejeitam as medidas tomadas no combate ao abandono escolar precoce e, pasme-se, pela
primeira vez em mais de uma década, este — infelizmente para todos — voltou a aumentar em 2016.
Os senhores anunciam o reforço da inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais, mas, com
as novas regras, verificamos que o número de alunos abrangidos diminuiu em 2016.
Os senhores prometem o reforço no ensino profissionalizante, anúncio com direito a páginas de jornal, mas
sem efeitos práticos, pois, como não mexem nos números mínimos de alunos por turma, a medida é
inconsequente, nomeadamente nos territórios de baixa densidade no interior do País, onde existem menos
alunos e que, sem esta alteração, não poderão aceder às ofertas educativas profissionalizantes.
Mais grave: escondido em supostos novos perfis de alunos e em supostas flexibilidades curriculares,
assistimos a uma tentativa de dirigismo educativo, visando a criação de um pensamento único nas escolas
portuguesas. Uma atitude que a todos os democratas deve envergonhar.
Protestos do Deputado do PS Porfírio Silva.
A escola é um espaço plural que deve promover o conhecimento e a consciência crítica dos nossos jovens
e não pode ser um espaço de condicionamento ideológico.
Vozes do PSD: — Muito bem!