I SÉRIE — NÚMERO 91
24
… depois de um conhecido seu apoiante a ter conduzido a uma crise tal que levou à dissolução e a que, pela
primeira e única vez nos 43 anos da história da democracia, houvesse eleições antecipadas numa câmara por
rutura financeira, política e insustentabilidade do seu funcionamento.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Vê-se muito bem que não te resposta! Não vá por aí!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Tenho muito orgulho também no que estava a fazer no ano de 2009.
Aplausos do PS.
Sr.ª Deputada, queria deixar-lhe só uma última nota. As cativações permitem uma gestão equilibrada e
prudente em função da capacidade da execução orçamental; os retificativos resultam de uma gestão
imprudente,…
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Transparência!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … que conduz a um aumento da despesa superior ao que estava autorizado
pelo Parlamento e, por isso, é necessário voltar ao Parlamento para fixar um novo teto para a despesa.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Transparência!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Nós, com as cativações, controlámos a despesa; VV. Ex.as nunca a conseguiram
controlar, por isso, tiveram de ter 12 Orçamentos e, mesmo assim, nunca conseguiram cumprir nenhum.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Transparência! Transparência é o que se chama a isso!
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, do Grupo Parlamentar do PCP, para
formular perguntas.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, quem, como nós, se bateu, tantas
vezes quase sozinho, contra uma posição intolerável e arbitrária como a do procedimento por défice excessivo
que foi imposto ao País pela União Europeia e se bate, e continua a bater-se, para que o País se liberte dos
constrangimentos a que o submetem não pode deixar de assinalar qualquer passo dado nessa direção como
uma necessidade.
Temos agora uma disputa sobre quem deve colher os louros, tal como assistimos, nestes últimos dias, em
relação ao facto de o País ter crescido 2,8% no primeiro trimestre do ano.
Mas é preciso dizer, para quem tanto procura colher vantagens e não se poupa em congratulações, três
coisas: em primeiro lugar, em relação ao procedimento por défice excessivo, estamos a sair de um procedimento
no qual nunca deveríamos ter entrado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — O facto de o défice ter assumido uma dimensão elevada tem na sua
origem uma política que conduziu à degradação do aparelho produtivo nacional, à regressão económica e da
balança comercial, com consequências no aumento da dívida pública e na sujeição a juros especulativos, mas
também na transformação de avultados défices de milhões de euros canalizados do Estado para a banca,
cobrindo negócios ruinosos dessa mesma banca privada. E essa política tem responsáveis. A culpa não deve
morrer solteira.