I SÉRIE — NÚMERO 97
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Muitos Srs. Deputados referem — e bem, aliás eu também subscrevo — a vantagem que foi Portugal ter
quatro dias, apenas e só, de produção de energia renovável. Mas sabem qual foi o custo da introdução dessas
energias renováveis no sistema, havendo mais produção de consumo? Foi termos as centrais de gás ou de
carvão a serem subsidiadas e, por isso, é que, de facto, nós estamos de acordo que é preciso rever garantia de
potência, CMEC e CAE. Tudo isto é preciso rever e, se possível, acabar cumprindo os contratos assumidos pelo
Estado português. Vamos a isso! É que se há um governo que não aumentou um único euro no custo da energia
foi o Governo anterior, e fez mais, fez cortes. Há portarias, decretos-lei, que não tenho tempo para os enumerar,
mas se os senhores os consultarem verão que os cortes foram de 2000 milhões na primeira fase e de mais de
3000 milhões na segunda fase.
Se os senhores conseguirem poupar um euro que seja em CAE, em CMEC e em energia de potência, terão
do CDS uma palavra de conforto e apoio para fazer esses cortes.
Tenham a coragem de fazer esses cortes e não venham apenas fazer só demagogia, boa é certo, mas que,
no fundo, não poupa os consumidores ao preço da eletricidade que pagam.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Hugo Costa, tem a palavra,
dispondo de 10 segundos.
O Sr. Hugo Costa (PS): — Sr.as e Srs. Deputados, depois destas intervenções dos Deputados do Partido
Social Democrata e do CDS, passo a ler apenas o título de uma entrevista, de 21 de junho de 2014, sobre o
titular da pasta na altura: «Já não há rendas excessivas na energia», dizia o PSD na altura. O mesmo dizia
ainda: «Confesso que já não tenho paciência para o marialvismo energético nem para os teóricos que falam dos
custos de manutenção do equilíbrio contratual». Tenho aqui comigo a entrevista e é importante recentrarmo-
nos.
O Partido Socialista propõe, neste debate, algo exigível e justo, propõe que os ganhos com os CMEC venham
para os consumidores e que esses ganhos sejam aproveitados para quem gasta e gastou durante anos e anos
com esses custos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias, que dispõe apenas
de 20 segundos.
O Sr. BrunoDias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Registamos que o PSD e o CDS
responderam a argumentos que não foram dados no debate, ao passo que ignoraram em absoluto questões
centrais que nós colocámos.
Digam lá, afinal, se estão de acordo que as pessoas que passaram para a tarifa liberalizada possam regressar
à tarifa regulada e beneficiar das medidas que têm sido assumidas em conter os aumentos dos preços e em
reduzir as tarifas.
Protestos do CDS-PP.
Há algum problema com isso, Srs. Deputados? Há algum problema em que a proposta do PCP seja
aprovada?
O CDS veio defender a dita liberalização da energia e até mesmo os contratos bilionários que foram
garantidos nos governos em que participaram.
Desde o primeiro momento e desde a primeira hora, o PCP avisou, o PCP previu e preveniu as implicações
e as consequências destes contratos lesivos e ruinosos para o País em que os senhores nos meteram e, de
uma vez por todas, está na hora de reconhecer que é preciso arrepiar caminho e inverter esta política de
privatização e de liberalização do sector energético.