I SÉRIE — NÚMERO 97
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Por tudo isto, o Grupo Parlamentar do CDS recomenda ao Governo que use os meios especializados de que
dispõe, como a UNC3T, com o seu âmbito devidamente alargado para a formação e prevenção em contexto
escolar, seja básico, secundário ou superior; que alargue esta dimensão informativa aos pais, designadamente
promovendo o bom uso de ferramentas de controlo parental; que se reforce o programa Seguranet, que existe
há vários anos nas escolas; que se publicitem e se tornem transparentes as suas ações e os seus resultados;
que se promova uma articulação mais eficaz com o domínio da saúde em proximidade, em particular nas áreas
de pedopsiquiatria e de saúde mental; e que se promova também uma articulação entre o Ministério da
Educação, o Ministério da Administração Interna e o Ministério da Justiça, para permitir mecanismos de atuação
céleres, como seja o bloqueio para acesso a aplicações, como aconteceu no caso da «Baleia Azul».
A segurança dos nossos jovens, seja dentro ou fora da escola, tem sido uma preocupação constante do
CDS-PP e é precisamente nessa linha de atuação que se inscreve este projeto de resolução.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Mesquita.
A Sr.ª AnaMesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A violência em meio escolar é uma
das formas que os conflitos sociais assumem nas comunidades escolares, constituindo-se como um fenómeno
transversal. A incapacidade de muitas escolas em lidar com esta realidade advém objetivamente da falta ou da
insuficiência de meios humanos e materiais.
A reflexão do PCP sobre esta matéria, com base na experiência e na vida da escola, dos que lá trabalham,
dos que lá estudam, dos encarregados de educação, é a de que só uma intervenção política integrada que tenha
em conta as condições sociais e culturais específicas de uma comunidade pode dar resposta aos diversos
problemas concretos que são sentidos.
Por isso, o PCP defende a tomada de medidas que sejam verdadeiros instrumentos para a promoção de um
ambiente de ensino, aprendizagem e socialização mais inclusiva e mais democrática dentro e fora da escola.
No que concerne ao interior da escola, é fundamental que sejam adotadas linhas de trabalho que contribuam
efetivamente para a supressão dos fenómenos da exclusão, indisciplina e violência.
Temos apresentado, por diversas vezes, iniciativas nesse sentido e hoje, mais uma vez, propomos a criação
de gabinetes pedagógicos de integração escolar nos agrupamentos de escolas e nas escolas não agrupadas,
conforme o aplicável.
O objetivo destes gabinetes passa por discutir e promover medidas ativas e proativas de dinamização das
vertentes socioculturais da escola e de medidas de acompanhamento a alunos sinalizados a quem tenham sido
aplicadas medidas corretivas.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª AnaMesquita (PCP): — Entendemos também que a multidisciplinaridade é de grande importância no
combate a estes fenómenos, a par de uma intervenção democrática, participada e participativa.
Nesse sentido, propomos que estes gabinetes sejam constituídos por psicólogos, profissionais das ciências
da educação, assistentes sociais, professores, trabalhadores não docentes e representantes das associações
de estudantes, podendo ser chamados à participação outros agentes educativos ou do meio envolvente.
Consideramos que a resposta necessária à violência em meio escolar nas suas várias vertentes, passando
pelo bullying e pelo cyberbullying, não pode restringir-se a uma resposta orientada especificamente e tem de
passar pelo assegurar do bem-estar nas escolas e pela criação de um ambiente saudável, motivante e feliz para
as comunidades escolares.
A violência na escola não deixa de existir perante uma vigilância apertada de índole humana ou tecnológica,
passando a mascarar-se, como a realidade o tem demonstrado, de outras e novas formas de violência.
Agilizar a sanção em detrimento da inclusão, apartando a componente da elaboração e adoção de medidas
concretas no plano político e social, não atua sobre a génese do problema e antes age sobre apenas uma das
suas manifestações.