I SÉRIE — NÚMERO 105
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é absolutamente estratégico para o nosso País garantir que a gestão privada e incompetente do SIRESP seja
substituída por uma gestão competente e que se paute unicamente pela defesa dos interesses dos portugueses
e das portuguesas, e sabemos que essa garantia só pode ser assegurada pelo Estado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — A implementação e a gestão do SIRESP tem sido orientada pelos privados
mais pelo negócio do que pelo serviço de proteção e segurança às populações, o que não é de estranhar.
Trata-se de uma parceria público-privada, que, aliás, custou ao Estado cinco vezes mais do que aquilo que
era inicialmente previsto e do que aquilo que custou a montar.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Um roubo!
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Os custos somam-se em muito mais do que os tais «oitenta e tal milhões» ou
«à volta dos oitenta milhões» que o Sr. Oliveira e Costa reconheceu, nesta mesma Casa, ter custado o SIRESP,
ou dos tais «100 a 150 milhões de euros» inicialmente previstos pelo grupo de trabalho que estudou a
implementação deste sistema, que acabou por custar cerca de 500 milhões, custou cinco vezes mais aos cofres
públicos do que o que deveria ter custado. E todos os anos está a render lucros para o privado, todos os anos
está a render também lucros de milhões de euros para os acionistas deste consórcio privado: foram 3,749
milhões de euros em 2015 e quase 7 milhões em 2016.
O Estado não pode continuar a pagar e a dar lucro a privados por uma gestão que se revelou incompetente
e por um serviço que não serve os objetivos principais para os quais foi concebido e contratualizado.
Aplausos do BE.
Numa matéria desta importância não pode haver lugar para o negócio. O objetivo, único e primordial, só pode
ser a salvaguarda das populações e do interesse público.
O Bloco de Esquerda apela, portanto, ao Governo e a todos os grupos parlamentares para a defesa
intransigente deste interesse público e da garantia essencial que é a proteção e a segurança das populações e
que nos acompanhem nesta necessidade e nesta urgência, que é a de resgatar das mãos dos privados um
sistema de comunicações de emergência absolutamente crucial e estratégico para o nosso País.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Há seis inscrições para pedidos de esclarecimento à Sr.ª Deputada Sandra Cunha, aos
quais, segundo a informação chegada à Mesa, vai responder em conjuntos de dois.
No primeiro grupo de duas questões, tem a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado Carlos Abreu Amorim,
do PSD, e, depois, o Sr. Deputado Jorge Machado, do PCP.
Tem, pois, a palavra o Sr. Deputado Carlos Abreu Amorim.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, o PSD encara este e todos os
debates sobre a tragédia de Pedrógão Grande, de Castanheira de Pera e de outros concelhos com grande
apreensão pela tragédia que aconteceu mas com a maior tranquilidade.
Estamos disponíveis para qualquer solução, para qualquer medida, para qualquer iniciativa que vise melhorar
o sistema de prevenção e de combate aos incêndios florestais.
Foi, aliás, por causa disso que o PSD propôs a esta Assembleia — e viu essa sua iniciativa ser aprovada —
uma comissão técnica independente para apurar as responsabilidades técnicas e o PSD apurará, seguidamente,
as responsabilidades políticas, doa a quem doer.
Mas o que nós não conseguimos compreender é a posição ambígua, diria mais, quase que politicamente
dissimulada, do Bloco de Esquerda.
O Bloco de Esquerda, mais uma vez, veio hoje aqui a Plenário fingir que é um partido da oposição, mas não
é. É uma tentativa quase patética, Sr.ª Deputada Sandra Cunha!