6 DE JULHO DE 2017
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Assim sendo, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia, do CDS-PP.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Sandra Cunha, a
primeira reflexão que queria fazer neste debate é muito óbvia.
Eu já tinha lido as declarações do líder parlamentar do Bloco de Esquerda, o Sr. Deputado Pedro Filipe
Soares, que cumprimento, dizendo a um jornal que este debate não era sobre Pedrógão Grande, que não tinha
nada a ver com isso, nem tinha a ver com nada do que decorre dessa tragédia. Ouvi agora a Sr.ª Deputada,
numa outra versão, repetir mais ou menos a mesma ideia.
Srs. Deputados do Bloco de Esquerda, deixem-me que vos diga que se isto não tem a ver com Pedrógão
Grande, se não tem nada a ver com essa tragédia, se é trazido aqui, hoje, um debate sobre o SIRESP, depois
do que tem sido o debate público nos últimos 15 dias, então, se não tem nada a ver com Pedrógão Grande, só
pode ser um exercício de oportunismo político. Não vejo outra explicação para esta intervenção.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
É que, Sr.ª Deputada Sandra Cunha, em Pedrógão Grande, morreram 64 pessoas. Trata-se de uma tragédia
praticamente sem par num País que todos os anos é fustigado por milhares de fogos florestais. Aquilo que já
sabemos hoje, independentemente da comissão e do que ela venha a apurar — comissão cuja criação, aliás, o
Bloco de Esquerda subscreveu —,…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — O CDS também!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — … independentemente disso, o que já sabemos hoje é que houve
desorganização grave, houve descoordenação no terreno, houve alterações de comandos operacionais, que
não se perceberam e que sucediam, de resto, a mudanças recentes nesses mesmos comandos operacionais,
estiveram bombeiros, sem comunicações, perdidos no meio daquela tragédia, estiveram homens da GNR, para
quem se tentou «sacudir a água do capote», sem saberem como poderiam lidar com uma situação daquela
gravidade… Aconteceu tudo isto.
Para além disso, todas as explicações que conhecemos, incluindo as das comunicações e do SIRESP, são
contraditórias — é o SIRESP a atirar para a Proteção Civil e é a Proteção Civil a atirar para o SIRESP —, o
Governo é incapaz de coordenar até uma leitura e uma resposta e, no meio disto tudo, o que é que quer o
Bloco? Quer discutir só o SIRESP e, mesmo assim, não quer discutir o SIRESP, quer só discutir se ele deve ser
público ou privado.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — O Bloco de Esquerda está a branquear uma gravidade que é de
responsabilidade política óbvia e evidente.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Vamos lá ver quem é que branqueia!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Srs. Deputados, com grande à vontade, pergunto-vos: onde é que está
agora o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares que, em 2015, afirmava perentoriamente, perante uma situação que
não teve sequer a gravidade desta nem demonstrou a descoordenação que vimos, o seguinte: «Incompetência
do Governo não pode encontrar justificação na meteorologia»?
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Por acaso, não era eu mas o Deputado Pedro Soares!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — O que nos disse agora a Sr.ª Deputada Catarina Martins? Que venha a
chuva. É assim que está o Bloco de Esquerda! É assim que está a vossa coerência!