I SÉRIE — NÚMERO 105
10
Protestos do BE.
Os senhores querem discutir se o SIRESP deve ser público ou privado. Sobre o SIRESP, há muita coisa a
discutir. Logo à partida, como aqui já foi dito, deve saber-se o seguinte: quem é que fez o contrato e quem é que
o assinou? Por que é que não foram garantidas comunicações que não fossem só por via terreste, mas também
por satélite? Por que é que não foi cumprido o relatório do SIRESP, que dizia que o investimento a nível das
antenas era absolutamente indispensável? Por que é que este Governo, o vosso Governo, terá omitido
renegociações em relação ao SIRESP? Há muita coisa a discutir sobre o SIRESP, como é evidente.
Saber se fica no público ou no privado não é, obviamente, a questão essencial. Serve unicamente para
sabermos que o Bloco de Esquerda, que foi sempre tão lesto, foi sempre tão rápido, a exigir demissões até por
delitos de opinião — no passado, pediam demissões —, agora, perante isto, sobre pedido de demissões zero,
sobre responsabilidade política zero, designadamente em relação a uma Ministra que, já todos percebemos, e
o CDS já o disse claramente, não tem condições de continuar e não teria sequer condições de renegociar o
SIRESP como os senhores pretendem que ele seja renegociado. Não teria sequer condições para isso, tal é a
fragilidade.
Aplausos do CDS-PP.
Já agora, Srs. Deputados, permitam-me uma nota de boa disposição em relação às vossas propostas, ainda
que tudo isto seja muito trágico.
Olhando para a vossa proposta e desconstruindo-a até do ponto de vista ideológico, gostaria de vos dizer
que os senhores têm uma resposta simples para tudo: é público e está resolvido. Nacionalizamos tudo,
nacionalizamos o País, tudo passa a ser público e tudo está resolvido. Está garantida a competência, está
garantida a eficácia.
Srs. Deputados, quase que vos sugeria o seguinte: se é assim, então por que é que não nacionalizamos os
paióis do Exército?
Risos do CDS-PP.
É que, se viermos a nacionalizar os paióis do Exército, se calhar, não desaparecem os milhares mais
granadas e de explosivos e a incompetência já não existe.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Teve muita graça.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Srs. Deputados, isto não está no ser público ou privado. Isto está no ser
mal ou bem gerido, ser competente ou incompetente. Os senhores sabem isso tão bem como eu.
Aplausos do CDS-PP.
E já vamos falar sobre se deve ser público ou privado, porque também em relação a essa matéria não temos
complexos.
Protestos da Deputada do BE Sandra Cunha.
Mas, se passasse a ser tudo público, sabe o que é que a Sr.ª Deputada vem dizer a seguir? Que falta
investimento público. Se passasse a ser tudo público, a seguir, a Sr.ª Deputada dizia que o que faltava era
investimento público.
Pergunto: os senhores não eram aqueles que vinham para conciliar as exigências do País, para conciliar a
recuperação de rendimentos com o investimento público? Não era a isto que vinham? Não era isto que os
senhores iam resolver quando estivessem no Governo? Quem é que está no Governo há quase dois anos?