I SÉRIE — NÚMERO 1
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Afinal, parece que os bons resultados que o Governo tem apresentado, com amplo reconhecimento externo,
levam a direita, renegando responsabilidades, a virar-se avidamente para ocorrências nas áreas da soberania
e a explorá-las com o mesmo estilo que tem vindo a usar para a putativa chegada do diabo ao mundo da
economia.
Felizmente que os portugueses percebem estas manobras e não se deixam assustar. O País está tranquilo
e as Forças Armadas estão a fazer o seu trabalho.
O PS, como os portugueses, confia na capacidade do Governo e do Sr. Ministro da Defesa para conduzir
este assunto, com o sentido de responsabilidade e a serenidade que se exigem.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Rebelo, do Grupo
Parlamentar do CDS-PP.
O Sr. João Rebelo (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Defesa Nacional, Srs. Secretários de Estado,
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Este debate ocorre 81 dias depois do furto do armamento da base militar de
Tancos. Ocorre depois de cinco audições realizadas na Comissão de Defesa Nacional, onde foi possível apurar
um conjunto de factos desconhecidos e muitas vezes negligenciados pelos Deputados do Partido Socialista,
que não se cansaram de desvalorizar e diminuir esses factos, numa atitude, partilhada pelo Senhor Ministro, de
«não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe».
Ocorre depois de várias diligências feitas pela Comissão de Defesa ao Ministério que lidera, às quais o Sr.
Ministro insiste em «fazer vista grossa».
Ocorre depois de feitos pelo menos três apelos públicos — três! — do comandante supremo das Forças
Armadas, o Sr. Presidente da República, a pedir celeridade e eficácia no apuramento de responsabilidades.
Aplausos do CDS-PP.
Mas este debate ocorre também dias depois da entrevista do Sr. Ministro a dois órgãos de comunicação
social, onde fez declarações absolutamente irresponsáveis e impróprias que não dignificam o exercício do cargo
de Ministro da Defesa Nacional.
São declarações irresponsáveis porque minam a credibilidade do Estado e o prestígio das Forças Armadas,
e não é aceitável que um ministro alimente de forma especulativa uma tese que, de resto, já havia sido afastada
pelo chefe do Exército, de que o assalto foi gradual, supondo até que poderia nem ter havido assalto, entrando
em profunda contradição com o relato do Sr. General Rovisco Duarte, que negou essa possibilidade aquando
da sua audição.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. João Rebelo (CDS-PP): — E são declarações impróprias porque não é admissível que um ministro de
um governo se coloque à margem de um processo de averiguação de responsabilidades como se de um mero
espectador se tratasse.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Ministro obriga-nos, uma vez mais, a reiterar as razões por que não tem condições para continuar à
frente do Ministério da Defesa Nacional.
O Sr. Ministro é, hoje, um ministro sem credibilidade, sem autoridade, e por isso sem capacidade para exercer
o seu mandato.
Para melhor sustentar as razões já invocadas pela Presidente do CDS, impõe-se fazer uma fita do tempo
dos seus erros políticos e institucionais.
Em primeiro lugar, perante o maior assalto militar de que há memória no nosso País, o Sr. Ministro foi o
primeiro a desvalorizar a gravidade da situação, dizendo — e passo a citar — que havia «quebras e falhas de