19 DE SETEMBRO DE 2017
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Os relatórios de auditoria da Inspeção-Geral da Defesa Nacional fizeram, aliás, recomendações quanto a
ações futuras a serem adotadas.
Está realizada, por isso, num tempo que tem de se considerar breve, uma radiografia geral da situação atual
do armazenamento do material de guerra, munições e explosivos.
Em resultado destes elementos, determinei, através de despacho e nos termos do artigo 14.º da Lei de
Defesa Nacional, uma série de medidas a serem adotadas.
Do teor e da substância desse despacho, antes de por mim ter sido assinado, foi dado já conhecimento à
Comissão de Defesa Nacional, no dia 11 de setembro.
Ainda assim, porque estamos em Plenário e pela sua importância, destacaria as seguintes medidas: ao nível
das normas e procedimentos, o desenvolvimento, pelo Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas,
em articulação com os Chefes de Estado-Maior dos três ramos, de um sistema de informação comum para
controlo efetivo de material sensível, que garanta a informação necessária e o controlo de acesso à informação
segundo os patamares mais evoluídos.
O Sr. Presidente: — Sr. Ministro, peço-lhe para concluir.
O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — Ao nível das infraestruturas, foi determinado o desenvolvimento de
ações de concentração e de desenvolvimento prioritário de obras nas várias instalações.
Ao nível dos recursos humanos, foi determinado que os processos de seleção, certificação, formação e treino
dos militares dedicados a funções de segurança sejam aperfeiçoados.
Vou concluir, Sr. Presidente, mas, antes, permitam-me apenas, a final, um esclarecimento: a todos estes
relatórios foi atribuída, por quem os realizou e não pelo Ministro da Defesa Nacional, a classificação de
«secreto». Creio que a avaliação feita pelos ramos e pela Inspeção-Geral da Defesa Nacional é compreensível
por todos.
Em síntese, e sem prejuízo de críticas legítimas, entendo que o Governo fez o que devia ser feito, e fê-lo
num tempo muito curto.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Carlos Costa Neves.
O Sr. Carlos Costa Neves (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados:
Depois de ouvir o Sr. Ministro atentamente, tenho de repetir as seguintes perguntas: o que aconteceu em
Tancos? Quando e como foi assaltada a instalação militar? O que desapareceu? Que consequências se tiram
do que aconteceu? De quem é a responsabilidade operacional? De quem é a responsabilidade política?
Passados três meses, em vez de respostas, avolumam-se as interrogações, já que as respostas têm sido,
como hoje, nenhumas.
É nestas circunstâncias que o Sr. Ministro, ignorando as perguntas, formuladas em carta subscrita pelo
Presidente da Comissão de Defesa Nacional, dá uma entrevista em que acentua a confusão em que temos
vivido.
Segundo afirma, «no limite, pode não ter havido assalto», aderindo, assim, à tese de simulação de assalto
para acerto de inventário — sem tirar nem pôr o que alvitraram, em momentos distintos, os Coronéis Sousa e
Castro e Vasco Lourenço.
Assalto ou simulação, o que hipoteticamente aconteceu em 28 de junho — nem a data é certa — é de uma
gravidade extrema. Estamos no domínio da segurança nacional, logo no núcleo das funções do Estado. E todos
o referenciaram: o Sr. Presidente da República; as forças políticas representadas nesta Assembleia; o Governo;
os chefes militares; a opinião pública e publicada. Armas à guarda de quem nos guarda não podem, pura e
simplesmente, desaparecer!
No entanto, praticamente três meses depois do alegado assalto, está instalada a confusão total: o assalto
terá acontecido em 28 de junho — se é que houve assalto… — mas, apesar da sua gravidade, o Chefe de
Estado-Maior-General e o Ministro da Defesa terão sido informados mais tarde.