19 DE SETEMBRO DE 2017
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segurança muito superiores», em contradição, de resto, com o que disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros,
que qualificou este incidente — e passo a citar — de «o maior do século XXI».
Em segundo lugar, o Sr. Ministro assumiu categoricamente a responsabilidade política pelo incidente, sem
retirar quaisquer consequências políticas do mesmo.
Em terceiro lugar, soubemos que o Sr. Ministro assinou um despacho no início de junho a autorizar o reforço
de vedações que se encontravam em estado de degradação evidente, manifestando, posteriormente — pasme-
se —, desconhecimento da situação de segurança em Tancos. Sr. Ministro, se não sabia, devia saber.
Aplausos do CDS-PP.
Em quarto lugar, pelas audições realizadas na Comissão de Defesa, soubemos que os responsáveis do
Sistema de Segurança Interna (SSI) e do SIRP (Sistema de Informações da República Portuguesa) só tiveram
conhecimento do furto de Tancos 24 horas depois e, mais grave do que isso, pela comunicação social. Como é
igualmente grave que só 48 horas depois é que foi convocada a Unidade de Coordenação Antiterrorismo
(UCAT). Sr. Ministro, nem uma palavra sua ou de outro membro do Governo sobre esta gravíssima
descoordenação!
Em quinto e último lugar, três meses depois do incidente, o Sr. Ministro não tem mais nada para dizer ao
País senão supor, conjeturar ou presumir sobre o que eventualmente se terá passado, à revelia de todos os
apelos que têm sido feitos pelo Sr. Presidente da República.
É grave, Sr. Ministro. E qualquer uma destas razões seria mais do que suficiente para justificar a sua
demissão.
O roubo de Tancos parece uma tragicomédia: O Ministro não sabe o que lá havia, o Ministro não sabe o que
lá aconteceu, o Ministro não sabe o que de lá desapareceu, o Ministro nem sequer sabe se houve roubo ou o
que furtaram!
Aplausos do CDS-PP.
Diga-nos, Sr. Ministro: se um colega seu da NATO (North Atlantic Treaty Organization) lhe perguntar o que
aconteceu em Tancos vai responder com a mesma displicência?
O Sr. Ministro parece ser o único que ainda não percebeu que a sua permanência à frente do Ministério da
Defesa Nacional se tornou absolutamente insustentável, indesejável e contrária aos interesses nacionais.
E não querendo recorrer a nenhuma das declarações dos líderes do PCP e do Bloco de Esquerda, partidos
que suportam o Governo — o Deputado Jerónimo de Sousa e a Deputada Catarina Martins —, que são
reveladoras, aliás, do mal-estar e do embaraço que o Sr. Ministro está a infligir à geringonça, lembrar-lhe-ia
apenas o que disseram alguns camaradas seus, como Francisco Assis, António Vitorino, Ana Gomes, todos
socialistas, todos críticos.
Cito só Francisco Assis, que se sentou naquela bancada durante muitos anos como líder parlamentar, que
passo a citar: «O Ministro «revela uma inadequação (…) quase permanente às exigências específicas do
exercício da função concreta de Ministro da Defesa».
Sr. Ministro, a sua inadequação ao cargo só é comparável ao seu isolamento político. Por isso, uma vez mais
lhe digo: saia, Sr. Ministro! Não espere pelas eleições ou pela próxima remodelação, saia pelo seu próprio pé.
O Sr. Ministro tem a obrigação de perceber que houve um momento a partir do qual as suas palavras e as
suas omissões se tornaram num fator de incredulidade, de insegurança e até de escárnio.
Compete-lhe, por isso, responder, em consciência, a esta pergunta: a sua continuação no cargo ainda serve
a primeira das missões de um Ministro da Defesa, que é a de garantir que Portugal está seguro e que os
equipamentos das Forças Armadas estão protegidos? Pense bem, Sr. Ministro!
O apego ao cargo é, talvez, humano mas não é seguramente um serviço que presta ao País.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Ministro da Defesa Nacional.