I SÉRIE — NÚMERO 2
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da Lei n.º 7/2011 reconheceu nesse estudo esta mudança como um impacto positivo ou muito positivo na sua
felicidade, bem-estar psicológico e bem-estar social.
A maioria assinalou também um impacto positivo ou muito positivo em domínios como o acesso e
manutenção do emprego, acesso a serviços públicos, segurança no espaço público, na vida familiar e afetiva.
As propostas hoje em discussão introduzem uma visão de despatologização das pessoas transgénero,
nomeadamente separando o domínio clínico do domínio legal e eliminando a exigência da apresentação de um
relatório que comprove o diagnóstico de perturbação da identidade de género, para efeitos de registo civil.
A proposta de lei apresenta, pela primeira vez, uma proposta de regulamentação legal do tratamento e de
intervenção cirúrgica, farmacológica ou de natureza que implique modificações ao nível do corpo ou das
características sexuais. Propõe, nesse âmbito, a proibição de cirurgias que não sejam medicamente necessárias
a crianças ou a bebés intersexo, ancorando-se em recomendações internacionais, prevendo que apenas se
devem realizar de imediato as intervenções cirúrgicas ou farmacológicas necessárias a eliminar riscos para a
saúde, deixando as outras para o momento em que esteja definida a identidade de género, sendo que, neste
caso, isso só pode ser feito com a autorização dos representantes legais.
Propõem-se, ainda, medidas de proteção e contra a discriminação no âmbito da saúde, do emprego e da
educação. Existem, nesta proposta de lei, matérias que exigem uma discussão mais profunda e esclarecida em
sede de especialidade, não dispensando a audição de pessoas, organizações e especialistas. É necessário
fazer o balanço com as pessoas transgénero, os profissionais e os especialistas da aplicação da lei existente
para identificar as alterações legais a considerar, tal como as necessidades de formação específica que parece
não terem existido, não sendo até hoje assegurada com a Lei.
O PCP está, obviamente, disponível para fazer esse trabalho.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Vânia Dias da Silva, do CDS-PP.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs.
Deputados: Esta questão da identidade de género é muitíssimo complexa e tem múltiplas facetas e variáveis.
Por isso, é impossível, em 3 minutos, dissecá-las com exatidão neste debate. Vamos deixar de lado as questões
técnicas e técnico-jurídicas e gostaria de ater-me a outras questões.
O primeiro comentário vai para uma certa ligeireza com que o assunto é tratado, sobretudo pelo Bloco de
Esquerda e pelo PAN, o que, vindo da parte destes partidos, não nos espanta, uma vez que estamos habituados
à sua agenda ideológica apressada e, portanto, não ficamos surpreendidos.
Surpreendidos ficamos com o PS, que tem um passado, é certo que mais distante, mas de bom senso,
ponderação e moderação nestas matérias e agora não nos parece que essa ponderação esteja aqui vincada
nesta proposta de lei.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — É verdade que nos fomos habituando, ao longo dos últimos dois, a
ver o PS vergar-se à agenda radical da esquerda…
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares (Pedro Nuno Santos): — Qual?!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — … e agora há aqui uma cedência absoluta em nome da perpetuação
de um status quo que vai aprovando decisões a esmo que os portugueses não sufragaram e em que muitos
deles não se reveem.
Protestos do BE.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares: — Está no nosso programa eleitoral!