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6 DE OUTUBRO DE 2017

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Por isso, a questão que lhe coloco, Sr. Primeiro-Ministro, é a de saber qual é a opção que o Governo vai

fazer quanto à revogação das normas gravosas da legislação laboral para travar a violência que está a atingir

os trabalhadores nos seus direitos e nas suas condições de vida e de trabalho.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro para responder.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, ao longo destes quase dois

anos tem sido possível, efetivamente, fazer uma inversão de política, que permitiu repor uma trajetória de

crescimento dos rendimentos e de valorização do trabalho.

Não foi só no salário mínimo, na reposição dos salários na função pública, no horário de trabalho e nos

feriados que tinham sido cortados, foi também no desbloqueamento da contratação coletiva e na realidade de

hoje termos um número incomparavelmente maior de trabalhadores cobertos pela contratação coletiva do que

tínhamos há dois anos atrás. Essa foi uma inversão que se fez e que tem de ter continuidade.

Apresentámos um livro verde sobre as relações de trabalho, no qual temos estado a trabalhar com os

parceiros da concertação social, e assim iremos continuar a fazer. O tema da precariedade é um tema central,

em que já demos passos muito importantes no domínio da Administração Pública e temos de o fazer também,

agora, no domínio das empresas privadas. Esse é um combate essencial e central.

O debate com a concertação social sobre o livro verde terminará no final deste ano, o que significa que, em

2018, estaremos em condições, após esse debate, de tirar as ilações políticas e de fazer os avanços que serão

necessários. Há matérias que já estão em debate nesta Assembleia da República, designadamente a discussão

que o Sr. Deputado sinalizou relativamente à transmissão de estabelecimento e ao impacto que tem ao ser

evidenciado em algumas empresas, como é o caso da PT (Portugal Telecom). É um debate que está em curso

na Assembleia da República, parecendo-me, tanto quanto tenho acompanhado, existir uma maioria que poderá

possibilitar a aprovação de legislação que permita combater a precariedade também por essa via.

Vamos, por isso, do meu ponto de vista, ter boas condições para dar continuidade à mudança de política que

iniciámos há dois anos, quer do ponto de vista dos rendimentos, quer do ponto de vista da valorização dos

direitos e da construção de uma sociedade de trabalho digno, e esse é um desafio comum que iremos prosseguir

em conjunto.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, naturalmente que valorizamos o

que é de valorizar, particularmente esses avanços registados, mas sobra sempre a questão de fundo em relação

a normas que são determinantes para a defesa ou para a fragilização dos direitos dos trabalhadores.

Há, no entanto, outras questões que gostaria de lhe colocar e que têm ainda a ver com a necessidade de

levar mais longe o caminho da reposição e conquista de direitos e rendimentos. Registamos a evolução da

posição do Governo no sentido de acompanhar a proposta do PCP para pôr fim ao corte de 10% no subsídio de

desemprego. Essa é uma proposta de importante reposição da justiça social, tendo em conta quem vive essa

situação dramática do desemprego. Por isso mesmo, por nos termos batido por ela, é preciso que se concretize

em breve.

Há outra matéria em que o PCP teve igualmente uma intervenção decisiva e em que é necessário dar novos

passos, que já aqui esteve hoje em debate, que é a questão do aumento das pensões de reforma.

Depois de muita luta, de muita persistência do PCP, em 2017 foi possível dar um passo positivo com o

aumento das pensões em 10 €. Consideramos necessário que esse caminho se consolide e se aprofunde

também em 2018. O aumento das pensões é um elemento essencial para repor o poder de compra perdido

pelos reformados ao longo dos últimos 10 anos. Além disso, a própria evolução da situação económica e o

aumento das receitas da segurança social, entretanto verificado, demonstram que o aumento das pensões é

justo, merecido e inteiramente possível de alcançar.