6 DE OUTUBRO DE 2017
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Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Em nome de Os Verdes, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, sobre o Orçamento do Estado
teremos, certamente, oportunidade de continuar a discuti-lo, designadamente quando ele chegar à Assembleia
da República.
Gostava também de reafirmar que para Os Verdes a matéria da devolução de rendimentos e deste caminho
que temos vindo a prosseguir é determinante, mas nós consideramos que este Orçamento do Estado não pode
deixar de dar respostas a problemas estruturais do País, designadamente na área dos transportes, na área do
combate às assimetrias regionais ou também em áreas tão fulcrais como a saúde ou a educação, mas esse é
um trabalho que estamos a concretizar e que vamos seguramente continuar a fazer.
Sr. Primeiro-Ministro, gostava de lhe colocar duas questões concretas sobre as matérias que hoje aqui veio
anunciar relativamente à habitação.
O Sr. Primeiro-Ministro referiu algumas questões que me parecem estabelecer com clareza que a intervenção
do Estado é determinante para a garantia do direito à habitação dos cidadãos, tal é o estado a que isto chegou
e os valores especulativos que hoje se praticam.
O Sr. Primeiro-Ministro anunciou uma questão que Os Verdes defendem há muito tempo: a de o Estado
pegar nas casas devolutas e colocá-las ao dispor para arrendamento. Mas precisamos de saber mais, Sr.
Primeiro-Ministro, precisamos de saber qual o volume a que correspondem estas casas, porque só se for um
volume considerável é que, de facto, esta medida consegue combater estes valores especulativos de mercado.
Gostava que o Sr. Primeiro-Ministro nos pudesse elucidar sobre isso.
Também gostava que nos elucidasse sobre outra matéria: o que é exatamente para o Sr. Primeiro-Ministro
um arrendamento a custos acessíveis? Tendo em conta que, por exemplo em Lisboa, o custo médio de
arrendamento rondava, há pouco tempo, os 1450 €, o que é para o Sr. Primeiro-Ministro um custo acessível de
arrendamento?
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, no quadro do exame comum
do Orçamento em que estamos estado a trabalhar, designadamente a considerar propostas interessantes e
positivas que Os Verdes têm apresentado, precisamente no domínio dos transportes, e que iremos trabalhar em
conjunto, não lhe posso, infelizmente, quantificar, mas partilho consigo a noção de que é necessário uma
intervenção de volume para poder ter um impacto efetivo na relação do mercado.
Um dos diplomas que hoje aprovámos em Conselho de Ministros visa precisamente concentrar o conjunto
do património habitacional disperso do Estado para que possamos criar bolsas que tenham impacto suficiente,
porque há unidades habitacionais que estão no património da segurança social, nos hospitais civis de Lisboa,
na Estamo, na Direção Geral do Tesouro, no Ministério da Defesa, no Ministério da Administração Interna, no
Ministério da Educação… Há muita habitação do Estado dispersa, que temos de concentrar. A habitação do
Estado não é só a que está confiada ao IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana), no quadro das
políticas sociais de habitação, há muita habitação dispersa que pode, e deve, ser devidamente organizada para
ser colocada no mercado.
Em segundo lugar, o que é uma renda acessível? Há vários critérios que podem ser fixados. Tenho visto, por
exemplo, municípios defenderem a fixação, pura e simples, de um valor, de um teto. A regra que estamos a
adotar é a de, a partir de um preço de referência por zonas, a renda se fixar em 20% abaixo do preço de
referência. É esta metodologia que nos permitirá definir o que é uma renda acessível, variando em função das
áreas, da localização da habitação e, também, do índice de rendimento das famílias em cada um dos concelhos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem ainda a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.