19 DE OUTUBRO DE 2017
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públicas. A resposta da Comissão, quanto às reparações, foi positiva e, quanto ao investimento para prevenção
e proteção da floresta, não fechou a porta.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, quero colocar-lhe duas questões em concreto. Primeira, que diligências é que
o Governo está a tomar junto da União Europeia para mobilizar todos os recursos e apoios possíveis? Segunda,
face à resposta da Comissão Europeia à pergunta do PCP, que medidas é que o Governo tenciona tomar para
tirar partido da possibilidade de não contabilização para o défice das despesas com a reparação e do
investimento na proteção da floresta, considerando um aumento das verbas no Orçamento do Estado para estes
fins?
Como ainda disponho de tempo, colocava-lhe uma outra questão, Sr. Primeiro-Ministro, que não tem tanto a
ver com o projeto de conclusões da Comissão Europeia mas com alguns desenvolvimentos mais recentes e que
estão para lá desta questão dos incêndios florestais. De acordo com notícias que foram tornadas públicas, o
Comissário Dombrovsky terá anunciado a suspensão do terceiro pilar da união bancária. Pela informação
disponível, não terá havido consenso ao nível do Conselho quanto a uma proposta, ela própria já um recuo
relativamente a outra proposta, da propagandeada criação de um sistema comum de garantia de depósitos que
previa um faseamento da sua implementação até 2024. Ou seja, como o PCP alertou em devido tempo, o
sistema de garantia de depósitos era a «cenoura» com que o «cacete» da ingerência, da centralização e da
concentração bancária vinha acompanhado. Da nossa parte, este desenvolvimento não nos surpreende e,
mesmo que o terceiro pilar tivesse avançado, isso não alteraria a natureza do projeto de união bancária.
Obviamente que a pergunta que lhe coloco não é sobre a relação entre a «cenoura» e o «cacete» mas para
saber que consequências retira o Governo desta circunstância, porque, para quem, como o Governo, fez do
terceiro pilar uma espécie de prémio de consolação, impõe-se naturalmente perguntar se…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Termino, Sr. Presidente.
Como eu dizia, impõe-se perguntar ao Governo se agora está disponível para alterar a posição que
anteriormente assumiu, face a este desenvolvimento que agora é conhecido.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, ouvimos com atenção o
discurso do Presidente da Comissão Europeia no Parlamento Europeu e ficámos ainda mais preocupados.
Ficámos preocupados não só pelo caminho que a Europa está a seguir mas, sobretudo, com o propósito que
resulta desse discurso, de continuar esse caminho como se estivesse tudo a correr às mil maravilhas para os
povos da Europa. E o que ressalta deste discurso é uma tentativa clara de desresponsabilizar a União Europeia,
face à profunda e prolongada crise económica e social que a Europa está a viver, mas também pelo acentuar
das desigualdades entre Estados. Ou seja, não há qualquer esforço de autocrítica ou sequer um apelo à reflexão
que possa questionar as orientações atuais da União Europeia.
Depois, esse discurso apresenta-nos um roteiro para a Europa que tem por base a democracia e a
transparência, mas logo a seguir, em jeito de vitória, refere-se a entrada em vigor provisória do acordo comercial
com o Canadá.
Ora, o CETA (Comprehensive Economic and Trade Agreement) é o exemplo mais claro da falta de
transparência e da natureza pouco ou nada democrática do processo de decisão da União Europeia. Houve
falta de transparência porque o processo foi negociado em segredo, nas costas dos europeus, e foi pouco
democrático porque a Comissão Europeia tentou fazer entrar em vigor este acordo sem a devida ratificação dos
Estados-membros. Como não conseguiu, acabou por fazer entrar em vigor provisoriamente o acordo à margem
dos parlamentos nacionais. Ora, isto de democracia não tem absolutamente nada, ainda por cima tratando-se
de um acordo com a importância que o CETA assume, porque o CETA não é um acordo qualquer.
O CETA não é apenas um acordo de livre comércio, é muito mais do que isso. É um acordo político que
introduz a ideia de que a democracia está reduzida a um conceito lateral que apenas pode funcionar se e quando