3 DE NOVEMBRO DE 2017
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O Sr. João Ramos (PCP): — Demonstra também que não são as alterações legislativas que resolvem os
problemas. Nada pode superar a falta de ação e de decisão!
Está mais do que claro que o que faltou foram os recursos. O PCP já teve oportunidade de perguntar ao Sr.
Ministro das Finanças sobre valores financeiros efetivamente afetos à política florestal e de prevenção e o que
significam de aumento relativamente a anos anteriores, mas não obteve uma resposta satisfatória. As respostas
que hoje já deu sobre floresta, Sr. Primeiro-Ministro, não dispensam maior precisão.
Que verbas estão afetas à criação de equipas de sapadores florestais e renovação de equipamentos? A
criação de 100 equipas por ano não será suficiente para atingir a meta de 500 em 2019.
Quanto estará disponível para a reconstituição do corpo de guardas florestais, inscrito na Lei n.º 76/2017,
por proposta do PCP? E para reforço e renovação dos recursos humanos do ICNF (Instituto da Conservação da
Natureza e das Florestas), onde 50% dos trabalhadores têm mais de 55 anos? E para a rede de gestão de
combustível e o Programa Nacional de Fogo Controlado? E para a criação de planos de evacuação e
concentração da população de aldeias em meio florestal? E que meios serão afetos à elaboração do cadastro
simplificado e para conclusão dos projetos-piloto? E para os programas de revitalização de concelhos atingidos
pelos incêndios florestais?
Que verbas serão disponibilizadas para combate à desertificação, apoio ao mundo rural e à pequena e média
agricultura? E para florestação com espécies autóctones?
Bem sei, Sr. Primeiro-Ministro, que o Orçamento nem sempre está organizado para responder de forma
simples às questões que coloco, mas a necessidade de respostas e de escrutínio em matéria de floresta exigem
um mapa orçamental que seja um verdadeiro orçamento para a floresta.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — É a vez de o Sr. Primeiro-Ministro responder.
Faça favor.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Srs. Deputados, há basicamente dois blocos de questões e eu
vou responder conjuntamente a esses blocos.
Comecemos pela descrição caricatural do que era e do que é a economia portuguesa.
Sr. Deputado Carlos Abreu Amorim, nunca me ouviu dizer que não eram necessárias exportações e que o
que era necessário era apostar no consumo interno. Aquilo que sempre dissemos foi uma coisa completamente
diferente, ou seja, que tínhamos um modelo de desenvolvimento alternativo ao vosso. Isto porque o vosso
pressupunha que era necessário esmagar salários e direitos para podermos ser competitivos nas exportações
e, à custa de sacrificar salários e direitos, sacrificavam a procura interna com o efeito recessivo que provocaram
na economia portuguesa.
Aplausos do PS.
Que tínhamos razão está provado porque, ao contrário do que disseram, o aumento do salário mínimo
nacional, o desbloquear a contratação coletiva, o dinamizar o diálogo social não só não travou as exportações
como estão a aumentar. E não estão a aumentar só por causa do turismo, estão a aumentar em todos os setores
industriais e em todos eles estamos a ganhar quota de mercado.
Aplausos do Deputado do PS João Galamba.
Sr. Deputado Jorge Costa, conhece bem o ceticismo que sempre tive relativamente ao tratamento, ao nível
europeu, do tema da dívida e creio que todos concordamos da impossibilidade de ele ter um tratamento
unilateral.
As eleições alemãs tiveram o resultado que tiveram. Ainda não permitiram formar um governo, mas tudo
indica que, seguramente, não formará um governo mais amigo do debate sobre a reforma da União Económica
e Monetária do que o Governo anterior.