I SÉRIE — NÚMERO 15
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Respondo a seguir, Sr.ª Deputada.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Passamos à última ronda de pedidos de esclarecimento ao Sr.
Primeiro-Ministro.
São quatro os Srs. Deputados que irão pedir esclarecimentos, o primeiro dos quais é a Sr.ª Deputada Paula
Santos.
Tem a palavra.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, há carência de
trabalhadores nos centros de saúde, nos hospitais, nas escolas, na segurança social, nos museus; faltam
funcionários judiciais, guardas prisionais, vigilantes da natureza e sapadores da floresta; faltam trabalhadores
nas empresas públicas; há carências nas forças e serviços de segurança.
Sabemos que esta realidade resulta de opções políticas de sucessivos governos, em particular do Governo
PSD/CDS, que prosseguia a tese do Estado mínimo e que, ainda hoje, se refletem no dia a dia de muitos serviços
públicos do território. Mas a não tomada de medidas eficazes para a contratação dos trabalhadores em falta
coloca em causa a proximidade, conduz à rutura, a atrasos e à degradação da prestação de serviços públicos.
O que se exige ao Governo é que intervenha para colmatar as necessidades existentes e proceda à
contratação dos trabalhadores em falta. Os passos dados até ao momento têm sido tímidos. Temos consciência
de que, perante a pesada herança de PSD e de CDS, a situação não se resolve do dia para a noite, mas também
não se pode continuar a empurrar para a frente aquilo que já se deveria estar a fazer.
Sr. Primeiro-Ministro, a carência de profissionais de saúde afeta a acessibilidade e a qualidade dos cuidados
de saúde; registam-se elevados tempos de espera para consultas, exames, tratamentos e cirurgias; os
trabalhadores estão cansados; há sobrecarga de trabalho; há horas extraordinárias feitas para garantir o
funcionamento regular dos serviços e, em alguns locais, os enfermeiros e assistentes operacionais prosseguem
um novo turno depois da jornada de trabalho, porque não são rendidos. Sem profissionais de saúde, o SNS
perde capacidade de resposta, em prejuízo dos utentes.
A carência de assistentes operacionais nas escolas é tão evidente que o Governo continua a promover a
contratação de trabalhadores a regime de tempo parcial, por três ou quatro horas, contrariando o compromisso
assumido de combate à precariedade; já se atingiu o valor de mais de 1400 postos de trabalho, só nestas
contratações; há agrupamentos de escola com um único psicólogo para acompanhar mais de 3000 estudantes;
faltam docentes e técnicos de educação especial.
Defendemos a vinculação dos professores ao fim de três anos, com horário completo, independentemente
do grupo de recrutamento; é preciso ir mais longe neste processo, é preciso vincular os 713 professores que
ficaram fora do processo realizado em 2017.
Há atrasos no deferimento de pensões e no pagamento de prestações sociais, como o abono de família,
porque a segurança social não tem trabalhadores suficientes para tratar os processos com a celeridade
necessária; nos museus, não há trabalhadores suficientes para garantir a segurança e a vigilância e a proteção
do património; há atrasos nos processos judiciais devido à falta de funcionários judiciais.
Sr. Primeiro-Ministro, é recorrente a contratação de trabalhadores ficar bloqueada porque aguarda a
autorização do Governo ou porque o Governo não a autoriza na íntegra ou em parte.
A administração da EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário) pediu autorização para
contratar 208 trabalhadores em dezembro de 2015. Foi autorizada a contratação de 124 trabalhadores, estando
ainda em apreciação a contratação dos demais trabalhadores solicitados.
Em janeiro deste ano, a administração do Metropolitano de Lisboa pediu autorização para fazer admissões
urgentes, 22 para áreas oficinais e 80 para tripulação de comboios e estações, tendo entrado ao serviço somente
10 maquinistas e 30 trabalhadores para as estações.
Sr. Primeiro-Ministro, a falta de trabalhadores nos serviços públicos é gravíssima. A solução não vai lá com
retórica! É preciso uma intervenção planeada para resolver a carência de trabalhadores com que os serviços
públicos se confrontam.
O reforço da contratação de trabalhadores que é exigido não se vislumbra nas medidas que constam da
proposta de lei do Orçamento de Estado para 2018. A proposta é insuficiente e não responde às necessidades.