3 DE NOVEMBRO DE 2017
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São necessárias medidas excecionais e extraordinárias de contratação de trabalhadores e não se pode
deixar os processos à espera de autorização. É preciso dotar os serviços públicos — a escola pública, o Serviço
Nacional de Saúde, a segurança social, a proteção do património, o acesso à justiça, a defesa da floresta, o
serviço público de transportes — dos trabalhadores para assegurar qualidade e eficácia.
É por isso que lhe pergunto, Sr. Primeiro-Ministro: perante esta situação, vai o Governo proceder à adoção
de medidas excecionais e extraordinárias para a contratação de trabalhadores que hoje são necessários na
Administração Pública, assegurando-lhes os direitos e o vínculo público efetivo?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado
Amadeu Albergaria.
O Sr. Amadeu Soares Albergaria (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, as
escolas confrontam-se há dois anos com falta de funcionários, com obras por fazer, com falta de verbas e com
um Ministro da Educação que as engana sistematicamente.
Como o Ministro Tiago Brandão Rodrigues é o campeão da falta de resposta às perguntas dos Deputados,
é com o Sr. Primeiro-Ministro que temos de debater na expectativa de podermos ultrapassar a irrelevância
política em que o Ministro da Educação se colocou.
Sr. Primeiro-Ministro, estamos perante um orçamento para a educação que representa uma tentativa
deliberada de enganar as escolas. Querem enganar as escolas quando apresentam como investimento o que é
um corte. Este Orçamento representa um corte de 2,9% para a área da educação — são menos 183 milhões de
euros.
Querem enganar as escolas quando afirmam que reforçam o investimento e o que verificamos é um corte de
9,6% no orçamentado face a 2017.
Querem enganar as escolas quando afirmam que contratam mais professores, mais técnicos, mais
funcionários e o que verificamos é que o montante orçamentado em despesas de pessoal para 2018 se encontra
abaixo do valor observado quer na Conta Geral do Estado de 2016, quer na estimativa orçamental para 2017.
Este Orçamento não traz boas notícias para as escolas, mas é bem o reflexo da política do engano que este
Ministro da Educação pratica.
Este Ministro engana as escolas: enganou quando assumiu, em maio deste ano, que, com a revisão da
portaria dos rácios, os funcionários em falta estariam colocados no início do ano letivo — não estavam; engana
quando rasteira os professores nos concursos — no concurso de mobilidade interna sonegou os horários
completos, cometeu um erro, um erro grosseiro, admitiu-o, mas não o corrigiu nem tão-pouco pediu desculpa;
engana quando afirma que reduz o número de alunos por turma, mas, na verdade, desenvolve uma proposta
que tem impacto zero a nível nacional.
Sr. Primeiro-Ministro, com as escolas sem dinheiro, como é que justifica o aumento — aqui sim, um aumento!
— de 7,2% das despesas do gabinete do Ministro Tiago Brandão Rodrigues? Como é possível que, só em
viagens, se dupliquem os gastos?
O Ministério das Finanças assume que é necessário contratar 3379 funcionários para as escolas, mas o
Ministério da Educação fala em 1500. Em que é que ficamos? Como é que podem afirmar que vão contratar
mais recursos humanos se preveem um corte de 297 milhões na despesa com pessoal?
Sr. Primeiro-Ministro, de tanto enganar as escolas é ele próprio, o Sr. Ministro da Educação, um engano
deste Governo. Mas é um engano que é hoje pago pelas escolas e amanhã pelos alunos.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem agora a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr.
Deputado Jorge Campos.