I SÉRIE — NÚMERO 15
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que garante o investimento. Se nós não poupamos, dependemos de outros para investir. Aliás, esta é uma das
grandes fontes da nossa pesadíssima dívida externa, porque temos uma das maiores dívidas do mundo, mas
temos problemas que outros não têm: uma grande parte dessa dívida está nas mãos de estrangeiros, e faz toda
a diferença os detentores da dívida serem nacionais ou estrangeiros.
Por isso, é fundamental estimular a poupança dos portugueses, para que possamos financiar o investimento
também com os nossos recursos.
O Sr. João Galamba (PS): — Para poupar, é preciso ter dinheiro!
A Sr.ª Maria Luís Albuquerque (PSD): — O Sr. Deputado disse que defendi que o crescimento se deve
apenas à boa conjuntura externa. Receio não me ter feito entender, o crescimento deve-se à boa conjuntura
externa e às reformas estruturais que pusemos em prática. Eu também disse essa parte, mas o Sr. Deputado,
se calhar, não ouviu.
Aplausos do PSD.
Protestos de Deputados do PS.
Quanto à questão do peso do Estado, Sr. Deputado, o Relatório do Orçamento do Estado diz que aumentam
a receita estrutural e a despesa estrutural — estou a citar o Relatório do Orçamento do Estado que o Governo
apresentou no Parlamento.
O Sr. Paulo Trigo Pereira (PS): — Isso não é o peso do Estado!
A Sr.ª Maria Luís Albuquerque (PSD): — Quando aumentamos a receita estrutural e a despesa estrutural,
sabendo que há ciclos económicos, convido o Sr. Deputado a refletir sobre o que acontece, de facto, ao peso
do Estado na economia.
O Sr. Deputado diz que o saldo estrutural foi agravado pelo PSD no último ano. Sr. Deputado, não há memória
em Portugal de um governo ter feito um ajustamento nominal e estrutural com a dimensão daquele que o
Governo PSD fez. Não há memória de um ajustamento de tal magnitude.
De facto, era indispensável fazer-se, porque recebemos um défice público que ultrapassava os 11% do PIB…
Vozes do PSD: — Muito bem!
Protestos do PS.
A Sr.ª Maria Luís Albuquerque (PSD): — … e, sem dinheiro para pagar as contas, incluindo salários e
pensões, esse esforço foi necessário e foi feito, e foi feito, obviamente, pelos portugueses.
O Sr. João Galamba (PS): — Não receberam nenhum défice acima de 11%!
A Sr.ª Maria Luís Albuquerque (PSD): — Mas foi graças a esse esforço, às reformas estruturais que foram
postas em prática, que esses elementos agora ajudam à boa conjuntura externa para que o País possa crescer.
Mas cresce, infelizmente, pouco ainda, Sr. Deputado, muito pouco para recuperar o nosso atraso.
Quando sabemos que países, como a Lituânia, chegados à União Europeia muito depois de nós, chegados
ao euro há pouquíssimo tempo, nos ultrapassam já em PIB per capita, acho que os portugueses têm o direito
de perguntar por que é que os governos que estão em funções quando o ciclo económico é positivo não têm a
responsabilidade de garantir que os portugueses também possam beneficiar disso.
É aos senhores que cabe esse ónus, não é a quem governa em bancarrota, que tem muito poucas escolhas.
Esse ónus cabe a quem governa nos tempos bons, porque é quando o dinheiro sobra que se vê quem é que o
sabe gerir, quando ele não existe ou quando falta, está quase gerido por natureza.