I SÉRIE — NÚMERO 16
20
O Sr. Paulo Trigo Pereira (PS): — Sr. Presidente, aproveito para o felicitar também. O dia 3 de novembro
é, de facto, um grande dia e, perante a Câmara, dou também os parabéns ao Sr. Presidente.
Aplausos do PS.
Gostava de trazer breves notas à colação e à reflexão, para o Sr. Ministro, eventualmente, elaborar um pouco
sobre elas.
A primeira tem a ver com a necessidade de continuarmos a consolidação orçamental e a redução do défice
orçamental. Há gente nesta Câmara e no País que não percebe porque é que, já tendo este Governo atingido
tão bons resultados orçamentais, necessitamos ainda de reduzir o défice orçamental.
Gostava que, se pudesse, o Sr. Ministro esclarecesse ainda melhor o País quanto ao facto de parte da
redução do défice orçamental se pagar a si própria. Ou seja, o que o País ganha em reputação, através desta
consolidação orçamental e do cumprimento dos objetivos a que se propôs, leva a uma redução da taxa de juro,
a uma redução nos juros e a uma poupança nos juros, o que significa que parte da redução do défice orçamental
é automaticamente paga, digamos assim, pela redução dos juros. É muito importante explicar isto a esta Câmara
e ao País, para se perceber que estamos, e vamos continuar, no bom caminho.
A segunda nota tem a ver com a questão da pseudofolga — está um pouco ligada a esta questão.
Vamos ter agora a fase de discussão do Orçamento em sede de especialidade, onde há sempre oportunidade
de introduzir propostas de alteração que aumentam a despesa e não aumentam a receita. O Sr. Ministro acha
que, em sede de especialidade, temos alguma folga? No meu fraco entendimento, não há folga nenhuma,
portanto, a meu ver, propostas responsáveis, em sede de especialidade, terão de ser propostas neutras do
ponto de vista orçamental. Ou seja, se houver uma proposta de aumento de despesa, deverá haver uma
concomitante proposta de aumento de receita, porque, de facto, temos de atingir o objetivo para o défice.
Gostaria de sublinhar algo que o Sr. Ministro acabou de dizer, com o que concordo inteiramente: a
prerrogativa das cativações é, de facto, um instrumento de gestão. Até se pode dizer que, do ponto de vista
constitucional, faz parte das competências exclusivas do Governo a execução do Orçamento do Estado — a
Assembleia da República aprova um limite de despesa e o Governo gere isso.
Neste ponto, permito-me concordar com algo que já foi dito anteriormente, mas também gostava de ter a sua
opinião sobre esta matéria: acho que o objetivo para o défice deve ser exatamente aquele a que nos
propusemos, não deve ser nem menos nem mais. É que, se for muito menos, significa que estamos a ter uma
política orçamental mais contracionista, estamos a exigir mais dos portugueses do que o necessário, e, se for
mais, também estamos, de certa maneira, a ir para além daquilo a que nos propusemos.
Gostava ainda que o Sr. Ministro também se pronunciasse sobre uma questão que, penso, aflige muitos
portugueses, muitos funcionários públicos, ou alguns setores, e que tem a ver com a questão do
descongelamento das carreiras.
Efetivamente, penso que este Orçamento está a ir até onde pode ir e não pode ir muito mais longe. O
descongelamento tem de ser progressivo, era isso que estava no Programa do Governo e é isso que está neste
Orçamento, quer para 2018 quer para 2019. Portanto, o Partido Socialista compreende muito bem a frustração
de muitos funcionários que gostariam de ver repostas todas as suas condições de 2010, mas não é possível
fazer tudo ao mesmo tempo, pelo que penso que também era preciso dirigir uma palavra a estes funcionários.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Em nome do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr. Deputado
Paulino Ascenção também para pedir esclarecimentos.
O Sr. Paulino Ascenção (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro das Finanças, o novo
hospital da Madeira é uma necessidade imperiosa a que a Região não pode responder, condicionada que está
pelo peso da dívida e pelas limitações da contenção de novo endividamento.
Há um compromisso que foi assumido no Orçamento anterior, mas que não tem expressão na proposta de
Orçamento que estamos aqui a apreciar. Esse compromisso foi reafirmado aqui, ontem, pelo Sr. Primeiro-
Ministro.