4 DE NOVEMBRO DE 2017
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Aplausos do PS.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Está a ser muito duro com a Dr.ª Mariana Mortágua!
O Sr. Ministro das Finanças: — Infelizmente, já neste ano assistimos a tragédias às quais, como é óbvio,
todos os serviços públicos e o Estado têm de reagir. A forma de fazer isso e de acautelar essa capacidade de
reação é, seguramente, através de uma execução orçamental responsável, transparente e que permita
conseguir atingir esses objetivos.
Evidentemente, o mesmo se aplica à formação profissional e, portanto, todos os programas de formação
profissional vão ser concretizados.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Vão?!
O Sr. Ministro das Finanças: — Em relação aos trabalhadores independentes, o que gostaria de lhe dizer,
Sr. Deputado, é que desde a primeira hora de debate sobre todas as medidas orçamentais o Governo está
disposto a clarificar e a corrigir o que tiver de ser corrigido. Não se trata de pôr em causa o que foi o princípio
de justiça fiscal, de abrangência pelos trabalhadores independentes de um conjunto de benefícios que até hoje
lhes estão vedados…
Aplausos do PS.
… e é importante que todas as medidas sejam lidas no seu conjunto e que não entremos num debate de
política que não é aquele que interessa aos portugueses. O que interessa aos portugueses é que se aumente a
justiça fiscal, a transparência e que todos, do ponto de vista da máquina tributária, sejam tratados da mesma
forma.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá, do PCP.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Ministro das Finanças, os impostos, além de
financiarem o Orçamento do Estado, têm também uma função redistributiva, devendo promover escolhas que
garantam uma repartição mais justa e equitativa da riqueza nacional.
Com a intervenção e o contributo decisivo do PCP, o Orçamento do Estado para 2018 faz escolhas nesse
sentido, aliviando os impostos de milhões de contribuintes de rendimentos mais baixos e intermédios.
Por via do mínimo de existência, do desdobramento de escalões do IRS ou do IVA dos instrumentos musicais,
introduzem-se elementos de justiça na política fiscal e invertem-se opções erradas do passado.
Registamos com agrado que o Governo se aproximou das propostas do PCP, aproximação que permitiu
avanços que beneficiam milhões de contribuintes mas que, por opção do Governo, fica ainda aquém daquilo
que seria desejável e possível para a construção de uma política fiscal mais justa e adequada às necessidades
de desenvolvimento do nosso País.
Na discussão na especialidade, o PCP continuará a bater-se para que o Orçamento do Estado possa
incorporar outros elementos de justiça fiscal, em particular aqueles que dizem respeito à tributação mais
adequada dos grupos económicos, das grandes empresas e dos cidadãos com rendimentos muito elevados.
Sr. Ministro das Finanças, o anterior Governo PSD/CDS impôs, em 2015, o congelamento do valor do mínimo
de existência, sabendo perfeitamente que essa medida prejudicava severamente os contribuintes de
rendimentos mais baixos. O PCP, na altura, denunciou esse esbulho fiscal e bateu-se, nos últimos dois anos,
pela sua reversão. Fruto da nossa persistência, o mínimo de existência é aumentado, permitindo que mais de
duas centenas de milhares de agregados familiares com rendimentos baixos tenham um alívio no IRS. Positiva
é, ainda, a opção de permitir que, pela primeira vez, os trabalhadores independentes possam também beneficiar