I SÉRIE — NÚMERO 18
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Por isso, as empresas, sobretudo as mais pequenas e exportadoras, esperam do Governo medidas fiscais
de incentivo, tal como as que o PSD apresenta. Contamos com o vosso apoio.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Inscreveu-se, para usar da palavra, em nome do Governo, o Sr.
Secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Mourinho Félix.
Tem a palavra, Sr. Secretário de Estado.
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e das Finanças: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados:
Relativamente à proposta do Partido Socialista, de alteração ao IRC, considero que as propostas que aqui
entram, independentemente de virem do Governo ou dos Srs. Deputados, têm todas o mesmo valor e, portanto,
dispenso-me de comentar o início da intervenção do Sr. Deputado António Leitão Amaro.
No que diz respeito aos DTA, com o devido respeito, Sr. Deputado, acho que não percebeu exatamente o
que está aqui em causa.
Existem dois tipos de DTA, os elegíveis e os não elegíveis. Os DTA elegíveis foram criados pelo regime, na
vigência do anterior Governo, e não têm tempo para serem utilizados, podem ser utilizados ad aeternum.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Ah, sim?!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Quem é que inventou isso?!
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e das Finanças: — E o que se pretende é precisamente que esses
DTA, que hoje podem ser utilizados imediatamente ou ao longo dos próximos 100 anos, sejam disciplinados.
Porquê? Porque isto gera uma tremenda falta de previsibilidade quanto à receita fiscal.
Portanto, aquilo que estamos aqui a introduzir é um regime que disciplina a utilização dos DTA elegíveis, que
são hoje de cerca de 5000 milhões de euros.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Quem é que criou?!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Terá sido o anterior Governo que criou isso?!
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e das Finanças: — São 5000 milhões de euros de DTA elegíveis que
podem ser usados em qualquer um dos próximos anos e que afetarão a previsibilidade da receita fiscal de muitos
Orçamentos nos próximos anos.
Assim, o que introduzimos aqui é disciplina e disciplina que permite que esses DTA possam ser utilizados —
é um direito que existe, fazem parte daquilo que são os ativos dos bancos, contribuem para o seu capital e têm
um papel muito relevante —, limitando a sua utilização, de forma a que possam ser deduzidos ao longo de um
período muito prolongado, com um limite anual, preservando, ao mesmo tempo, a estabilidade financeira.
Qualquer coisa que não fosse isto implicaria perdas de capital para os bancos e um regresso da discussão sobre
os níveis de capitalização da banca.
É isso que está nesta proposta. A proposta nada tem de ideológico e, portanto, não se trata aqui, presumo
eu, de uma discussão de esquerda e de direita,…
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Tanto que o PCP e o Bloco vão votar a favor!
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e das Finanças: — … trata-se de uma discussão de estabilidade
financeira. É um bem de que o País beneficia, de que o País precisa, de que as empresas precisam para o
investimento e, portanto, no seguimento daquilo que disse o Sr. Deputado Pedro Mota Soares, deixe-me que
lhe diga que esta é uma proposta que, sim, beneficia o financiamento das empresas.