13 DE DEZEMBRO DE 2017
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Mortágua» ou a discussão em torno do futuro do alojamento local, causou instabilidade e desconfiança no setor
da habitação e da reabilitação urbana.
Foram dois anos de Governo sem estratégia e sem planeamento. Foram dois anos perdidos que obrigaram
o Governo, numa tentativa de elidir as suas responsabilidades, a criar a Secretaria de Estado da Habitação e a
avançar com a dita «nova estratégia da habitação», que não passa de uma estratégia recauchutada.
Mas não se esperam grandes resultados. Basta olhar, Sr.ª Deputada, para o Orçamento do Estado para
2018, que, em matéria de habitação, dispõe de verbas inferiores àquelas que são previstas no orçamento da
Câmara Municipal de Lisboa.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Este é um exemplo elucidativo de que, assim, não vamos lá. Não lhe
parece, Sr.ª Deputada?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, agora, a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr.
Deputado Álvaro Castello-Branco.
O Sr. Álvaro Castello-Branco (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Helena Roseta, agradeço-lhe a
intervenção e o tema que aqui hoje trouxe, o da habitação, que é, sem dúvida alguma, fundamental.
Recordo aqui que a Sr.ª Deputada, já em maio deste ano, numa entrevista que deu a um semanário, tinha
dito que, no Ministério do Ambiente, que é o Ministério que tutela a questão da habitação, havia muito pouca
sensibilidade para esta questão. Posteriormente, aqui, neste Parlamento, referindo-se ao Orçamento do Estado
para 2018, também veio afirmar que as verbas inscritas neste Orçamento do Estado, no que diz respeito à
matéria da habitação, eram muito reduzidas. Sr.ª Deputada, estou plenamente de acordo com o que disse. E,
hoje, na intervenção que aqui fez, acrescentou que precisamos de mais do que até agora foi feito e que se tem
feito muito pouco.
Sr.ª Deputada, não posso estar mais de acordo com o que acabou aqui de referir e com o que referiu no
passado.
Mas, depois, a Sr.ª Deputada entra em contradição — e é a isso que diz respeito a minha questão — ao
dizer, no fim da sua intervenção, que aplaude a Nova Geração de Políticas de Habitação, que tem sido a grande
parangona, o grande chavão do Governo nesta matéria, que, dando este nome a novas políticas que não
conhecemos, diz que a habitação é uma prioridade política para este Governo.
Sr.ª Deputada, não entendo onde é que está essa prioridade política, não entendo o que é que mudou desde
a sua entrevista de maio até agora, porque não vejo uma mudança, a não ser a criação da Secretaria de Estado
da Habitação, que, até agora, para nada serviu.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Álvaro Castello-Branco (CDS-PP): — Sr.ª Deputada, falo-lhe de uma questão em concreto, para não
pensar que estou a falar em abstrato, e recordo-lhe a questão importante do Fundo Nacional de Reabilitação do
Edificado (FNRE), que, como a Sr.ª Deputada muito bem sabe, foi prometido que estaria a funcionar até outubro
de 2016, e não esteve. Depois, o Governo veio anunciar que, afinal, não foi possível, mas que estaria a funcionar
até junho de 2017. Também não esteve. Estamos em dezembro de 2017 e o Fundo Nacional de Reabilitação
do Edificado ainda não saiu do papel.
Por isso, pergunto, Sr.ª Deputada, se são estas as grandes políticas que o Governo tem levado a cabo e que
a Sr.ª Deputada aplaude.
Aplausos do CDS-PP.