I SÉRIE — NÚMERO 25
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Os concursos para projetos de 2016 não abriram, os de 2017 realizaram-se em Fevereiro mas ainda não há
resultados conhecidos e estamos em Dezembro. Os programas doutorais acabaram, não houve concursos para
novos doutorados. Qual é a saída para os recém-doutorados?
Não houve concursos para os doutorados mais experientes. O que é que vão fazer estes investigadores?
Porque estão a ser claramente empurrados, também eles, para o salve-se quem puder.
A avaliação das unidades não está feita, ocorrerá até final de Janeiro, e estamos em final de período de
financiamento. Como é que as instituições, as unidades vão lidar com o cenário atual de incerteza?
Continua a haver atrasos sistemáticos no envio dos contratos dos novos bolseiros que, estando em
exclusividade, ficam meses, e meses, e meses sem receber.
Sobre o Regulamento do Emprego Científico, quando é que os concursos abrem? O Governo garante que o
número de contratos no apoio individual é equivalente ao concurso de bolsas pós-doc?
Mas regressemos agora, Sr.as e Srs. Deputados, à implementação da chamada lei do emprego científico. No
debate de especialidade do Orçamento do Estado para 2018, realizado a 14 de Novembro, o Sr. Ministro disse
aqui mesmo que deu — e cito — «orientações expressas à FCT para que, no quadro do financiamento plurianual
às unidades de investigação, resolvesse todos os casos de eventuais bolseiros a quem acabassem as bolsas
entretanto e, pelo facto de os concursos não estarem abertos, terem o financiamento necessário para não serem
de forma alguma afetados por atrasos pontuais na abertura dos concursos».
E reforçou o que disse anteriormente, acrescentando: «Qualquer que seja o investigador que, por acaso, a
sua bolsa termine nos prazos curtos que não possam ter aberto os concursos devido a algum processo
regulamentar, a FCT tem orientações claras para garantir, através do financiamento plurianual das unidades, o
estabelecimento das condições até à abertura dos concursos».
A 27 de Novembro, o despacho que segue com assinatura do Sr. Ministro e com data do próprio dia diz o
seguinte: «Recomenda-se que a FCT, IP adote a orientação estratégica de garantir a elegibilidade das despesas
que permitam às instituições alcançar as soluções adequadas ao financiamento dos doutorados cuja relação
contratual tenha, entretanto, cessado».
A FCT diz depois que «As unidades de investigação e desenvolvimento (I&D) poderão, através do reforço de
financiamento que vai ser atribuído para 2018, acomodar algumas…» — sublinho «algumas» — «…situações
transitórias através da atribuição de bolsas de investigação ou de bolsas de cientista convidado, tendo sempre
presente o cumprimento do Regulamento de Bolsas e do Estatuto do Bolseiro de Investigação (EBI), quanto à
duração máxima permitida».
Ora, novamente dúvidas: o que é que acontece aos que, reunindo as condições, alcançaram a duração
máxima permitida pelo Estatuto do Bolseiro de Investigação e pelo Regulamento de Bolsas? Este procedimento
vai implicar um novo período de espera para os bolseiros?
Como se concretizam as orientações que a FCT deu para que os bolseiros que já ficaram sem bolsa não
sejam, de facto, prejudicados? Como pensa o Ministério atuar em caso de não abertura dos concursos por parte
das instituições? E, Sr. Ministro, a pergunta-chave deste debate: quando fica pronta a regulamentação dos níveis
remuneratórios?
Consideramos que tem de haver uma resposta. Chega de atrasos, esta embrulhada tem de ser resolvida
rapidamente. Estão em causa as vidas das pessoas, pessoas que têm família, que têm despesas, que têm
obrigações, que têm de sobreviver, pessoas que têm de ter trabalho com direitos.
Tudo isto apenas vem dar razão e mais força àquilo que o PCP tem vindo a colocar ao longo do tempo.
É que a solução justa, adequada e de fundo para o problema do emprego científico chama-se «trabalho com
direitos» e implica, e há de implicar, o fim destas coisas, das bolsas, conforme temos defendido. Inclusivamente,
apresentámos uma proposta de integração progressiva destes bolseiros há muito pouco tempo, em sede do
Orçamento do Estado.
Teria sido esta a solução justa e adequada, mas há problemas em cima da mesa que necessitam de uma
resposta urgente. E, Srs. Membros do Governo, o que queremos hoje é, precisamente, saber que resposta
urgente, atempada e clara vai o Governo dar para resolver a situação destes bolseiros de investigação científica
que não podem continuar eternamente à espera.
Aplausos do PCP.