I SÉRIE — NÚMERO 28
26
que, muitas vezes, hoje, são as micro, pequenas e médias empresas que representam o melhor da nossa
exportação, quer diretamente, quer através do fornecimento a outras empresas que, depois, elas próprias, são
grandes exportadoras. Basta lembrarmo-nos do caso, bastante citado ultimamente, da Autoeuropa, em que
muitas das empresas que a fornecem são micro, pequenas e médias empresas.
Por isso, termos flexibilidade nas regras — fiscais, regulamentares ou laborais — faz todo o sentido. O que
não faz sentido é termos regras no Código do Trabalho que tratam de igual forma uma empresa que tem 1000
trabalhadores e uma empresa que apenas tem dois trabalhadores, na qual um dos trabalhadores é o próprio
empresário. Por isso mesmo, faz todo o sentido olharmos para regras próprias e termos medidas próprias de
apoio às pequenas e médias empresas em Portugal.
Muito recentemente, o CDS apresentou um pacote de medidas para apoiar as micro, pequenas e médias
empresas. O Partido Comunista Português, que é um partido de governo — não fazendo parte de uma solução
de governo, tem a capacidade de aprovar ou reprovar um conjunto de medidas que vêm de outros partidos —,
muito recentemente, da discussão no Orçamento do Estado, chumbou a descida do imposto sobre os produtos
petrolíferos, isto é, o imposto sobre a gasolina e o gasóleo, que é tão importante para estas empresas; chumbou
a baixa do limite do PEC (pagamento especial por conta) para 500 €, que é tão importante para estas empresas;
chumbou, por exemplo, um levantamento de todas as taxas que, comprovadamente, não têm um serviço
associado — basta lembrarmo-nos da taxa de proteção civil, que é paga na cidade de Lisboa por pessoas
singulares e coletivas. Estamos a falar de 58 milhões de euros retirados à economia.
Se essa proposta do CDS tivesse sido aprovada, não só esta mas também outras taxas, que muito
provavelmente são inconstitucionais, poderiam sair do nosso ordenamento jurídico.
O PCP também chumbou as propostas para baixar o IRC, mas é espantoso que tenha chumbado uma
proposta específica do CDS, que se chamava «compensação de créditos sobre a administração central direta
do Estado», que permitiria uma conta corrente efetiva entre dívidas tributárias e dívidas que a administração
central tenha para com as empresas. O PCP chumbou todas estas propostas e agora apresenta uma proposta
em que recomenda ao Governo dos amigos do Partido Comunista Português que, se se lembrarem, se tiverem
boa vontade, por favor, façam lá este jeitinho, deem lá a possibilidade de podermos ter uma compensação de
créditos!
Se o Partido Comunista Português tivesse votado a favor da proposta do CDS, neste momento isso não seria
uma resolução, seria uma realidade para as empresas em Portugal e é sobre isto que o Partido Comunista
Português tem de dar explicações.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís
Ferreira, de Os Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: As micro, pequenas e
médias empresas têm muita importância no nosso País, representam muito na nossa economia, representam
mais de 90% de toda a atividade económica, têm um peso absolutamente importante no que diz respeito à
criação e manutenção de postos de trabalho, mas, apesar desta importância, as micro, pequenas e médias
empresas não têm sido olhadas com olhos de ver, o que aconteceu sobretudo com o anterior Governo, em que,
como todos sabem, o exemplo do IVA na restauração foi ilustrativo deste propósito, arruinando muitas destas
micro, pequenas e médias empresas do setor.
Portanto, importa tomar medidas para facilitar a vida a estas empresas, que tanta importância têm na nossa
economia.
Quando falamos das micro, pequenas e médias empresas, há outro aspeto que também tem muita
relevância, que tem a ver com as dificuldades com que estas empresas se confrontam quando, por exemplo,
querem aceder a fundos comunitários, em que se veem obrigadas a contratar outras empresas para se poderem
candidatar a estes apoios, sendo essas empresas que vão receber o bolo maior. Ou seja, o destino dos fundos
para apoio às micro, pequenas e médias empresas acaba por ficar nas empresas cujo trabalho é apenas o de
promover as candidaturas.