I SÉRIE — NÚMERO 33
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Portanto, respeitamos as instituições e faremos o debate no momento próprio e de acordo com a metodologia
que deve ser seguida e o recato que também deve ser devido a estas circunstâncias.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra, para pedir esclarecimentos, o Grupo Parlamentar do PSD,
através do seu líder, Deputado Hugo Soares.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, no recato com que estas matérias
devem ser tratadas?! O recato são as entrevistas radiofónicas?!
O Sr. Primeiro-Ministro está a dizer ao País que, doravante, de cada vez que um ministro tome uma posição
pública, ainda por cima com a relevância que esta tem, que é de regime, devemos entendê-la como uma opinião
pessoal, que não a posição do Governo?!
Fiz-lhe uma pergunta muito clara: o Sr. Primeiro-Ministro desconhece, portanto, o acordo de revisão
constitucional que assinámos, PS e PSD, em 1997?
Acho estranho que o Sr. Primeiro-Ministro não se recorde, porque, na altura, o senhor era Secretário de
Estado dos Assuntos Parlamentares e está aqui na fotografia muito bem-posto a assistir à assinatura.
Neste momento, o Deputado do PSD Hugo Lopes Soares exibiu uma fotografia.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Agora ganharam essa moda?!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Vou ler o que diz o acordo de revisão constitucional assinado pelo
então presidente do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, Deputado Jorge Lacão, e o Dr. Marques Mendes,
pelo PSD: «Acordam ainda na definição dos mandatos dos altos cargos de Juiz do Tribunal Constitucional — 9
anos, não renováveis —, Procurador-Geral da República — 6 anos, sem limitação de renovações».
Sr. Primeiro-Ministro, mais claro do que isto não pode haver. O espírito do legislador é claro, está expresso
no acordo que se assinou: não há limitação de mandatos para nenhum cargo de nenhum órgão que não esteja
expressamente previsto na lei.
Portanto, a questão é esta: a Sr.ª Ministra da Justiça quis hoje dizer que é intenção do Governo não renovar
o mandato da Sr.ª Procuradora-Geral da República.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Claro!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Exatamente!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — É isto que está em cima da mesa.
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Dez meses antes!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Quero dizer-lhe que o PSD não aceita que este tema seja colocado,
em primeiro lugar, com esta leviandade, escondendo-se atrás de um argumento jurídico que não existe, e,
depois, a 10 meses de quando a questão deve ser colocada.
Aplausos do PSD.
Sr. Primeiro-Ministro, há um antes e um depois da Dr.ª Joana Marques Vidal na Procuradoria-Geral da
República. Há casos mediáticos! É a primeira vez que a justiça demonstrou que não é diferente com os fortes e
com os fracos, com os grandes e com os pequenos. Há decisões para serem tomadas pelo Ministério Público
de extrema relevância para o País e o que os senhores fizeram foi colocar em causa a autonomia da Dr.ª Joana
Marques Vidal condicionando o trabalho do Ministério Público.