I SÉRIE — NÚMERO 36
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Chegados ao 7.º ano, 60% dos alunos que chumbam têm seis ou mais negativas e mais de metade dos
alunos do escalão A da Ação Social Escolar (ASE) têm negativa a Matemática, por comparação a 25% dos que
não precisam de apoio do Estado.
Mas também há, felizmente, números de sucesso, resultado, como veremos, de políticas anteriores frutuosas
e que este Governo precocemente abandonou, na ânsia de tudo mudar sem esperar para ver.
Soubemos recentemente que a percentagem de alunos do 9.º ano que, sem chumbos no seu percurso, teve
nota positiva nos exames aumentou, no ano letivo passado, para 46%. Esta melhoria de resultados é dos alunos
que entraram para o 7.º ano em 2014/2015, que fizeram exames no 6.º ano e que aprenderam já com as metas
curriculares, e estes resultados convergem com a melhoria também no PISA (Programme for International
Student Assessment).
Por fim, no ensino secundário, os dados mostram uma realidade semelhante à do 9.º ano. No ano letivo
passado, a percentagem de percursos diretos de sucesso aumentou para 42%. Ao mesmo tempo, sabemos que
metade dos alunos não consegue completar o secundário em três anos e que 35% abandona a escola dois anos
depois.
Para este problema, o ensino profissional, enquanto escolha, é uma solução de consenso, na qual, ainda há
poucos dias, o Sr. Primeiro-Ministro disse apostar. Acontece que o Ministério da Educação informou as escolas
públicas, no final de dezembro, que não haveria financiamento para os cursos profissionais e ainda não pagou
às escolas privadas as verbas de 2017.
O Governo parece entender que a política educativa se esgota em anúncios, em declarações inflamadas de
apostas.
O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Mas, apostar sem pagar, mais não é do que enganar e compromete,
sem honrar, a palavra dada.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Estes dados permitem avaliar, objetivamente, a evolução do sistema
de educação e ajustar, em conformidade, as políticas públicas a prosseguir.
O CDS não se exime a essa avaliação e apresenta hoje a sua leitura sobre duas medidas propagandeadas
por este Governo, sendo a primeira a introdução de provas de aferição a meio dos ciclos.
Neste ano letivo, os alunos do 8.º ano terão provas de Educação Visual, de Educação Física e de Matemática
e, no ano passado, as provas foram de Português e de Ciências combinada com Físico-Química. Estas são
provas que os alunos não levam a sério e que não permitem comparabilidade na aferição dos resultados. Servem
exatamente que finalidade? Dão-nos que nova informação?
Já os alunos de 2.º ano farão provas de Português e Estudo do Meio, Matemática e Estudo do Meio,
Expressões Artísticas e Expressões Físico-Motoras, mas só voltaremos a aferi-los daqui a três anos, quando já
estiverem no 2.º ciclo, no final do 5.º ano, e sabe-se lá, nessa altura, a que disciplinas.
O insucesso continuará e, pior, passa a estar encapotado, desresponsabilizando o poder político, que o
oculta, e agravando a responsabilidade das escolas, que perderam a bússola, que, até agora, lhes permitia
comparar e corrigir.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A segunda medida é o Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar (PNPSE), nome pomposo que
mais não faz do que agregar um conjunto de projetos que as escolas, com os seus próprios recursos e pouco
mais, já desenvolviam numa turma singular ou num ano completo, dos 12 da escolaridade obrigatória.
A terminar em 2018, este Programa é como uma cortina de fumo, que, novamente responsabiliza as escolas,
mas desresponsabiliza o Governo. Por diversas vezes questionámos o Governo sobre qual a meta nele inscrita
para a redução da taxa de insucesso. A resposta apareceu, ainda que totalmente desenquadrada, num estudo