I SÉRIE — NÚMERO 44
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Mas o mais grave é que essas opções, para além das situações dramáticas que provocaram do ponto de
vista social para a generalidade das famílias portuguesas não só não resolveram nenhum dos nossos problemas,
como ainda os agravaram.
A economia continuou a patinar e o desemprego não parou de crescer, como, de resto, mostram os números
e como, aliás, toda a gente reconhece. São exatamente essas opções, que em má hora o anterior Governo
decidiu assumir, que importa agora reverter definitivamente.
Entre tantas opções em matéria laboral que agora é necessário revisitar, estão as decisões que levaram ao
corte no pagamento do trabalho suplementar e no direito ao descanso compensatório.
É que as pessoas não podem ser vistas apenas como um elemento necessário à engrenagem do lucro
rápido, para engordar apenas alguns, poucos. As pessoas não podem viver apenas para trabalhar, precisam
não só de descanso, até por razões de saúde, mas também de oportunidades para poderem compatibilizar a
sua vida familiar com a sua atividade profissional.
E hoje, como temos, face às propostas que estão em discussão, a possibilidade de repor o direito ao
descanso compensatório por trabalho suplementar e de remunerar devidamente o trabalho extraordinário, ou,
dito de outra forma, como hoje voltamos a ter a possibilidade de remover do nosso ordenamento jurídico
algumas, mas penosas, injustiças, impostas pelas políticas do anterior Governo, em matéria laboral, é altura de
voltarmos a fazer uma opção.
Da parte de Os Verdes, mantemos a posição que sobre esta matéria sempre assumimos. A nossa opção é
pela justiça social. A nossa opção é pelo trabalho com direitos. A nossa opção é pela valorização do trabalho e
pela dignificação das condições de vida da generalidade das famílias portuguesas.
Aplausos de Os Verdes, do BE e do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Barros, do Grupo
Parlamentar do PSD.
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Discutimos, hoje, alterações
legislativas, propostas pelo Bloco de Esquerda, pelo PCP e pelo PAN, no sentido de aumentar o valor pago pelo
trabalho suplementar e de repor o direito ao descanso compensatório pela prestação deste mesmo trabalho.
Ademais, pretendem os proponentes destas iniciativas que estas alterações sejam aplicadas ao setor público e
ao setor privado.
Pelas intervenções que acabei de ouvir e pela leitura atenta que fiz das exposições de motivos das iniciativas
legislativas, permitam-me, Sr.as e Srs. Deputados que diga com clareza que os senhores revelam uma
verdadeira desconsideração pelo esforço dos portugueses durante o passado Governo,…
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Pronto, já descambou!
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — … pelo esforço dos portugueses em geral, porque VV. Ex.as não conseguem
reconhecer que o País teve de recuperar de uma pré-bancarrota, do descalabro financeiro com que ficámos,
depois de sucessivos governos do Partido Socialista.
Aplausos do PSD.
Protestos de Deputados do BE e do PCP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E roubar as horas extraordinárias é que é resolver isso?!
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — Face a isto, as Sr.as e os Srs. Deputados também revelam uma enorme
desconsideração pelas instituições europeias, que reconhecem e afirmam a importância das reformas laborais
levadas a cabo para a recuperação do País.