I SÉRIE — NÚMERO 50
26
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Galamba para uma declaração política.
O Sr. João Galamba (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Nos últimos tempos, temos assistido a
uma tentativa de desvalorizar os resultados económicos do País.
Alguns insistem em dizer que o maior crescimento do século, afinal, é pouco ou nada, que Portugal cresce
apenas porque também cresce toda a Europa. Portugal — insistem —, comparado quer com a UE quer com a
zona euro, é um dos países que menos cresce, e isto é culpa do Governo e da atual maioria, que são inimigos
da iniciativa privada, desperdiçam a boa conjuntura externa e não fazem as reformas de que o País precisa.
Se os últimos dois anos, afinal, não trouxeram o diabo, há quem garanta que o País ficou claramente abaixo
dos resultados que poderia ter, caso as políticas fossem outras. Quais? Ninguém sabe e os próprios não
esclarecem.
Ao invés da presença do demo, parece que agora temos falta de espírito reformista, uma acusação que,
curiosamente, também ela, recorre ao além e ao sobrenatural, por presumir a existência de um espírito que,
como todos os verdadeiros espíritos, se encontra desprovido de matéria. Teologicamente, até poderia fazer
algum sentido; politicamente, nem por isso, pois dizem que são precisas reformas, embora ainda não saibam
dizer quais.
Que há muitos países que crescem mais que Portugal não é um facto de hoje, mas de sempre. Portugal é,
desde há muito, um dos países que menos crescem na Europa. Em 2015, por exemplo, havia 18 países que
cresciam mais do que Portugal — alguns, muito, muito mais. A diferença entre 2015 e 2017 é que, pela primeira
vez neste século, Portugal cresce acima da média europeia e — ainda mais importante — encurtou, de forma
muito significativa, a diferença face aos campeões do crescimento europeu. Isto, sim, é uma relevantíssima
novidade face ao passado recente do País — uma reforma, portanto.
Sim, a conjuntura externa é boa, ninguém o nega, mas também o era em 2015, quando a União Europeia e
a zona euro cresciam sensivelmente o mesmo que crescem agora e Portugal não só crescia abaixo da média
europeia como estava em forte desaceleração, tendo praticamente estagnado na segunda metade do ano.
Curiosamente, Espanha até crescia mais em 2015 do que cresceu agora, em 2017.
O que mudou nisto tudo foi que Portugal cresceu muito mais a partir da segunda metade de 2016, e cresceu
mais com outra política, facto que não pode deixar de ser valorizado e devidamente reconhecido.
Aplausos do PS.
De 2015 para 2017, o crescimento na zona euro acelerou 0,1 pontos percentuais; em Portugal, essa
aceleração foi nove vezes superior, 0,9 pontos percentuais.
Em 2015, o crescimento da economia portuguesa era quase metade do da economia espanhola; em 2017,
essa diferença foi reduzida em três quartos: 3,1% em Espanha, 2,7% em Portugal.
Olhando para o caso irlandês, a comparação ainda é melhor para Portugal, porque a Irlanda crescia 25,6%
em 2015, enquanto agora só cresce 8,3% — curiosamente, exatamente o mesmo que crescia em 2014, quando
Portugal crescia 0,9%, um terço do que cresce agora.
Podemos continuar a dar exemplos.
Quando olhamos para os países campeões do crescimento, também melhorámos: em 2015, a diferença, em
média, face aos países que mais cresciam na União Europeia, era de 2,8 pontos percentuais; hoje, essa
diferença é muito mais curta, sendo apenas de l,7.
Façamos as comparações que fizermos, dêmos as voltas que dermos, é inegável que Portugal está hoje, em
termos económicos, no bom caminho, e está seguramente num caminho melhor, muito melhor, do que aquele
em que estava.
Não estamos satisfeitos, como é evidente, mas sabemos que os bons resultados se devem às boas políticas
e que, portanto, se as políticas mudam e os resultados melhoram, então, devemos consolidar e aprofundar a
estratégia que tem sido seguida e que concretiza essa mesma mudança.
Consolidar os resultados obtidos e preparar o futuro — é este o nosso compromisso.