I SÉRIE — NÚMERO 52
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O Sr. PedroFilipeSoares (BE): — Muito bem!
O Sr. MoisésFerreira (BE): — Por isso, também é lamentável que haja atrasos de meses, de quase um
ano, para colocar os profissionais necessários ao Serviço Nacional de Saúde.
Já demos o exemplo do hospital de Gaia, que esteve a despedir profissionais que eram, e são, necessários
todo o ano e que devem ser reintegrados. Sobre isto, o Sr. Ministro disse que dependia da autonomia das
administrações e das instituições. Mas o Sr. Ministro sabe, como nós sabemos e como toda a gente sabe, que
essa autonomia não existe. As instituições têm de pedir ao Ministério, portanto ao Governo, autorização para
contratar esses profissionais.
Por isso, se há profissionais que estão a ser despedidos ou a ser contratados, a responsabilidade é do Sr.
Ministro. E, se estão a ser despedidos profissionais, é o Sr. Ministro que deve dizer às instituições que eles
devem ser contratados permanentemente. Repito, permanentemente!
Sabemos, porque andamos por aí, porque também conhecemos a rua, porque também conhecemos o
Serviço Nacional de Saúde e porque as instituições nos dizem muitas vezes, que elas, quando precisam de
fazer substituições de profissionais que se ausentaram por doença ou por outra razão qualquer, têm de pedir
autorização ao Governo e muitas delas não têm deferimento, ou seja, essas contratações não são autorizadas.
Ora, devo dizer-lhe que o Bloco de Esquerda entregará, hoje mesmo, na Assembleia da República, uma
iniciativa legislativa que visa resolver este problema, uma vez que o Governo tem sido insuficiente na sua
resolução.
Queremos mais autonomia para a contratação por parte das instituições do Serviço Nacional de Saúde, e
esta é também uma responsabilidade do Governo.
Sr. Ministro, sendo sua responsabilidade, vai ou não proceder à contratação de todos os profissionais que
foram colocados ao abrigo do plano de contingência?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro.
O Sr. MinistrodaSaúde: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Moisés Ferreira, que fique muito bem claro, perante
si e a Câmara, que o Governo, em nenhuma circunstância, desvaloriza o caso particular desse hospital em
concreto, que nos merece, naturalmente, a maior preocupação. O que não podemos é, a partir da preocupação
que temos com os casos particulares, distorcer a realidade.
A Sr.ª ÂngelaGuerra (PSD): — Não é nada vulgar essa resposta!
O Sr. MinistrodaSaúde: — Sr. Deputado Moisés Ferreira, temos, em Portugal, 49 hospitais EPE (entidades
públicas empresariais). Entre 2015 e 2017, em mais de 50% das especialidades existentes nestes hospitais
houve melhoria dos tempos de espera máximos de resposta garantida e 90% dessas especialidades cumpriram
os tempos de espera.
Sr. Deputado, estamos muito melhor do que estávamos em 2015, mas não temos todos os problemas
resolvidos. Há zonas do País, como o Sr. Deputado referiu, nomeadamente no Algarve, no interior e no interior
norte, onde os problemas ainda são muito agudos, mas não descansaremos 1 minuto até que esses problemas
sejam minorados e resolvidos. Que fique muito bem claro que esta é a nossa preocupação diária.
Só não é justo que, a partir dos casos particulares, que são graves, se passe um manto de ocultação sobre
o esforço do País, do SNS no seu conjunto, para melhorar.
O Sr. Deputado Moisés Ferreira perguntou-me se vamos contratar todos os profissionais do plano de
contingência. O Gabinete da Sr.ª Secretária de Estado que tutela diretamente essa área contratará todos
aqueles que forem necessários — esses rigorosamente e apenas esses.
Aplausos do PS.