I SÉRIE — NÚMERO 52
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o rigor e as competências dos profissionais da área. Profissionais que — convém dizer —, com muita resiliência,
assistiram, na anterior governação, ao desmantelamento do IDT (Instituto da Droga e da Toxicodependência)
que funcionava bem, ao desmantelamento de uma estrutura que estava estruturada e articulada.
O Grupo Parlamentar do Partido Socialista criticou essa opção, o tempo veio a mostrar que tínhamos razão,
e hoje até os senhores já o reconhecem. E sabemos que não é fácil recompor aquilo que foi destruído.
Sr. Ministro, sabemos que foi constituído um grupo de trabalho para apresentar novas alternativas à
reestruturação destes serviços. Pergunto: para quando essa reestruturação? Já nos pode dizer qual é o modelo
que vai ser adotado?
Uma outra pergunta tem a ver com os consumos. Há aspetos positivos, relativamente aos consumos
apresentados nesse Relatório, desde logo sobre o aumento da perceção dos jovens face ao risco — um dos
aspetos que sublinho com nota positiva —, mas também sobre a captação, para tratamento, dos consumidores
de cannabis. Aliás, é a droga mais consumida, pois 50% dos novos utentes são consumidores de cannabis, e
estava ser muito difícil atrair estes consumidores para o tratamento. Por isso, estes aspetos tem nota muito
positiva.
Mas, Sr. Ministro, há questões preocupantes, como o aumento do consumo da cannabis e do álcool junto
das mulheres e das pessoas idosas. Mais: o elevado consumo de álcool, ao qual a crise não foi alheia, está
associado a 41% das situações de violência doméstica e, como se sabe e também se diz nesse relatório, atinge
280 000 pessoas. Portanto, também estes consumos aumentaram em resultado da crise que o País atravessou,
tendo consequências, obviamente, muito graves para a saúde das pessoas, como, por exemplo, doenças do
fígado, etc.
Portanto, pergunto, Sr. Ministro: quais são as novas estratégias para a prevenção, para o tratamento, para
os cuidados de saúde primários, para estas novas realidades sociológicas, para estas novas situações de risco?
O SNS mais proximidade, de que o Sr. Ministro acabou de falar, também contempla as questões do álcool e da
toxicodependência?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Saúde.
O Sr. Ministro da Saúde: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Elza Pais, queria associar-me à sua intervenção,
sublinhando a relevância para o País do trabalho de todas as equipas, incluindo as do SICAD, que, em termos
multidisciplinares, têm desenvolvido no terreno.
Temos tido um desempenho notável em termos internacionais. Somos, hoje, considerados — como é sabido
e reconhecido — uma das melhores experiências e esse trabalho é devido às centenas de profissionais que
integram o SICAD, relativamente ao qual o Governo está, neste momento, a finalizar o processo de decisão no
sentido de o processo de reajustamento estrutural e organizacional poder não só acrescentar valor à
continuidade do trabalho que tem sido feito mas ainda permitir que o façam em condições mais favoráveis.
Como a Sr.ª Deputada Elza Pais referiu, em matéria de adições e de evolução das dependências, temos tido
uma história, que é positiva. Estamos muito satisfeitos com o conjunto dos resultados obtidos nas diferentes
áreas.
Focou um grupo específico, que é o grupo das mulheres jovens, das raparigas, como devendo ser alvo de
uma preocupação específica, e está a sê-lo, como sempre. A articulação entre o Sr. Secretário de Estado
Adjunto e da Saúde, que tutela a área, o próprio SICAD e também a rede nacional de cuidados de saúde
primários na estratégia de proximidade tem o objetivo de, no imediato, implementar estratégias que aprofundem
a atuação sobre esse grupo e que garantam que estes novos consumos emergentes — e o álcool não é um
novo consumo —, até à luz de novas regulamentações que possam vir a surgir, sejam enquadrados, para que
possamos proteger mais os nossos jovens e para que também este trabalho, nesta área, possa vir, de facto, a
ter bons resultados.
Aplausos do PS.