I SÉRIE — NÚMERO 52
32
Protestos do PSD.
O que vos dói, efetivamente, é que os senhores espatifaram a economia,…
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
… os senhores espatifaram o emprego, os senhores deixaram as pessoas a viver em condições deploráveis,
com implicações na saúde que o senhor, enquanto médico, conhece.
Então, agora, fazemos de conta que os senhores não tinham um «PIBzinho», um PIB que deixou o País de
rastos?! Nós estamos a fazer o que nos compete, temos o maior volume de despesa pública do País e, agora,
fazemos aqui um malabarismo contabilístico, dizendo que, afinal, como o PIB está a crescer, a despesa não
chega?!
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, agora, a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do Bloco
de Esquerda, o Sr. Deputado Moisés Ferreira.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Saúde, disse, há pouco, ao Grupo Parlamentar
do Bloco de Esquerda, que não há nenhum tipo de limitação no que toca à contratação de profissionais, por
exemplo, em caso de substituição por ausência temporária ao trabalho, mas não é verdade, porque há limitação
e são os administradores dos hospitais que o dizem. Não virá o Sr. Ministro dizer, certamente, que os
administradores dos hospitais públicos não conhecem a realidade do seu próprio hospital.
Mas a boa notícia é que, com a iniciativa que o Bloco de Esquerda apresenta hoje, a ser aprovada na
Assembleia da República, deixará de haver esse tipo de limitação.
Gostava de lhe colocar uma outra questão, que tem a ver com o seguinte: o Sr. Ministro também disse, há
pouco, que os privados perderam capacidade de absorção de profissionais. Gostávamos que isso fosse assim,
mas duvidamos de que assim seja, porque a verdade é que a capacidade de absorção de recursos públicos
continua a aumentar nos privados e o financiamento público dos privados também continua a aumentar.
Dados relativos a 2015 diziam que 51% dos hospitais privados eram financiados com dinheiro público. Mas,
se formos ver os dados de 2016, verificamos que, por exemplo, diminuiu o número de camas públicas na rede
nacional de cuidados continuados e aumentou o número de camas no privado, inclusivamente das instituições
privadas com fins lucrativos, tendo aumentado também a despesa com convencionados, privados, para realizar
meios complementares de diagnóstico, a qual, em 2016, chegou quase aos 400 milhões de euros.
Por isso, Sr. Ministro, faço-lhe uma pergunta muito concreta: qual é o racional de estarmos a encerrar 54
camas de internamento no Hospital Pulido Valente para as entregar à Santa Casa da Misericórdia, que vai
explorar camas da rede nacional de cuidados continuados? É ou não aumentar a capacidade de absorção dos
privados?!
Faço-lhe uma outra pergunta, Sr. Ministro: por que razão é que o Hospital Pulido Valente vai encerrar o seu
serviço de imagiologia às 15 horas e 30 minutos? Foi distribuída uma circular no Pulido Valente, dizendo que o
Serviço de Imagiologia deixa de funcionar a partir das 15 horas e 30 minutos, todos os dias. Isto é ou não
continuar a passar para privados uma série de exames complementares de diagnóstico?! É ou não continuar a
aumentar a capacidade de absorção dos privados, o financiamento público dos privados, prejudicando aquele
que é o orçamento do Serviço Nacional de Saúde?!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Ministro da Saúde.