I SÉRIE — NÚMERO 56
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ponto de vista contratual, porque uma norma que leva os trabalhadores a abdicar direitos não tem efeito jurídico
e, portanto, legal. Mas a informação que tenho é a que acabei de referir e será, seguramente, uma solução
ultrapassada.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Passamos às intervenções.
Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Costa, do Bloco de Esquerda.
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O
processo que hoje discutimos nasceu e desenvolveu-se no âmbito da atual maioria parlamentar e o Bloco de
Esquerda orgulha-se do trabalho, da elaboração coletiva, do contributo que deu e da marca que deixou na lei
que hoje vigora para a vinculação dos precários da Administração Pública. Assumimo-lo inteiramente!
É uma lei para um processo complexo, para um processo moroso. Foi por isso que nos dedicámos aos
detalhes e é também por isso que a Lei define claramente questões concretas sobre estágios, sobre o regime
do outsourcing, sobre as carreiras especiais da Administração Pública e deixa claro o caminho a percorrer em
cada um desses casos particulares. Fizemos o «trabalho de casa», temos uma boa lei e temos de a aplicar bem.
Essa Lei é também o guia para a vinculação dos precários das autarquias, e disso ainda se falou pouco hoje,
neste debate.
A direita, que primou pela ausência em todo este processo no que respeita à Administração Pública,…
Vozes do PSD: — E muito bem!
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — … está também ausente no campo das autarquias, votou contra — aliás,
vota quase sempre contra nas situações em que tem de se pronunciar pela abertura de processos de vinculação
de precários.
Mas o Partido Socialista tem tido também uma atitude pouco consistente neste particular.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Ah!
O Sr. Álvaro Batista (PSD): — Continuem a trabalhar em conjunto!
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Agora, abordando o Partido Socialista e não tanto os membros do
Governo, gostaria de referir que em Guimarães, ou em Barcelos, ou em autarquias tão importantes como a de
Sintra ou a de Leiria, o Partido Socialista votou contra a abertura de processos de regularização de precários
como aqueles que hoje aqui estamos a discutir. Seria importante que o Partido Socialista, enquanto tal, olhasse
para a forma como deve ser desenvolvida na administração local a vinculação dos precários.
Há um conjunto de perguntas que foram formuladas, no início deste debate, pelo Bloco de Esquerda e que
estão ainda por esclarecer neste momento. Por isso, gostaria de as colocar novamente para que ainda tenhamos
a hipótese de as ver esclarecidas, hoje.
Em primeiro lugar, pergunto: como pode vir a ser minorado o atraso do processo? Que medidas pensa o
Governo adotar para recuperar o tempo perdido? Pretende o Governo, ou não, desdobrar as comissões de
avaliação para lhes dar mais celeridade no processo? Vai o Governo lançar — e, se sim, quando — os concursos
desses 9000 processos que ou já foram homologados ou estão prontos, com um parecer positivo das comissões
de avaliação, para homologação?
Em segundo lugar, quanto à questão da segurança dos contratos e à forma como aqueles trabalhadores que
têm vindo a ser despedidos em função do atraso presente, aqueles trabalhadores cuja cláusula de proteção não
está a ser aplicada, que medida pretende o Governo tomar para assegurar que a lei vai ser cumprida, neste
particular? Vai o Governo ordenar aos dirigentes dos serviços que retomem os contratos que foram
interrompidos pelo facto de não estarem ainda abertos os concursos? Essa é uma preocupação que o Bloco de
Esquerda tem e que gostaria também de ver esclarecida neste debate.