I SÉRIE — NÚMERO 58
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Tudo isto são exemplos das consequências da política de direita. É a essa política que é preciso dizer
«basta!»
Garantir aos portugueses o direito de acesso aos cuidados de saúde exige, como o PCP defende, o reforço
do investimento no Serviço Nacional de Saúde, a reposição dos direitos dos utentes, a valorização dos
profissionais do setor e o combate à privatização da saúde.
É essa a proposta que o PCP aqui faz.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para apresentar os dois projetos de resolução da autoria do
Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr. Deputado Moisés Ferreira.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Serviço Nacional de Saúde é, sem
dúvida, uma das maiores conquistas da democracia em Portugal e representa um dos momentos mais
edificantes do nosso tempo. A ideia de que a saúde deve ser geral, universal e gratuita foi uma grande conquista,
mas teve sempre, bem sabemos, opositores e inimigos: desde logo o CDS-PP, que foi contra a constituição do
Serviço Nacional de Saúde; depois, o PSD e o CDS-PP, aquando da revisão da Lei de Bases, de 1990,
introduziram normas lesivas, como, por exemplo, a de o Estado dever promover os privados na saúde e não,
propriamente, investir no Serviço Nacional de Saúde; mas também muitos governantes que passaram por vários
executivos, como, por exemplo, Óscar Gaspar, que agora está à frente do lobby da administração privada e que
foi Secretário de Estado de um governo do Partido Socialista. Muitos inimigos tem, pois, o Serviço Nacional de
Saúde por este País fora. Apesar de sabermos que é absolutamente necessário, os seus inimigos tentam
fragilizá-lo por vários meios.
Ora, as propostas do Bloco de Esquerda não fragilizam o Serviço Nacional de Saúde, pelo contrário vêm
protegê-lo. Queremos libertar o Serviço Nacional de Saúde do parasitismo dos privados na saúde, que apenas
têm em vista o seu negócio e, por isso, trazemos a discussão e a votação uma proposta para que se acabe, de
uma vez por todas, com as parcerias público-privadas (PPP) na saúde.
Coloco uma questão muito simples, Sr.as e Srs. Deputados: porque é que todas e todos nós estamos a pagar
cerca de 500 milhões de euros, por ano, à Luz Saúde, ao Grupo José de Mello, à Lusíadas Saúde para fazerem
aquilo que o Estado faz muito melhor do que eles? Porquê gastar 500 milhões de euros com estes grupos
económicos quando faltam tantos recursos ao Serviço Nacional de Saúde?
Dizemos, por isso, que é tempo de pôr fim a este rentismo, a este parasitismo que suga os recursos do
Serviço Nacional de Saúde. E bem sabemos que o Governo não tem estado a fazer aquilo que deveria. Aliás,
renovou e relançou parcerias público-privadas, o que consideramos errado da parte do Governo. E o desafio
que trazemos à Assembleia da República é no sentido de que os vários grupos parlamentares, as Sr.as e Srs.
Deputados assumam aqui a defesa intransigente do Serviço Nacional de Saúde e não viabilizem a renovação
das PPP e que, pelo contrário, lutem e votem pelo seu fim.
Um dos projetos que apresentamos procura também libertar o Serviço Nacional de Saúde da subordinação
à obsessão do défice. O Serviço Nacional de Saúde precisa de mais recursos, de mais investimento, não pode
ficar subordinado ao défice, não pode ficar subordinado à gaveta do Ministro das Finanças. Queremos garantir
a contratação dos profissionais que são, efetivamente, necessários ao Serviço Nacional de Saúde e, por isso,
apresentamos este projeto de resolução, de forma a que as várias unidades do Serviço Nacional de Saúde
tenham autonomia para contratar esses profissionais.
A pergunta que deixo é a seguinte: Sr.as e Srs. Deputados, estão disponíveis para fazer esta defesa
intransigente do Serviço Nacional de Saúde com o Bloco de Esquerda? Esperemos bem que estejam.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para apresentar o projeto de resolução do seu Grupo
Parlamentar, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto.