10 DE MARÇO DE 2018
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O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para apresentar a iniciativa legislativa do PAN, tem a palavra
o Sr. Deputado André Silva.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Vivemos uma época em que as políticas
públicas de salvaguarda e valorização do património não são uma prioridade, denotando o Estado pouco
empenho na proteção de alguns imóveis.
Exemplo desta degradação da memória comum é o estado deplorável em que se encontra o Forte de Santo
António da Barra, em Cascais. Esta estrutura militar, edificada em finais do século XVI, apesar de classificada
como imóvel de interesse público, encontra-se abandonada pela tutela e à mercê do vandalismo, que é patente.
Porém, existe, desde 2015, a possibilidade de recuperar e dinamizar este Forte através da transferência de
competências de exploração, do Governo para o município de Cascais, o que permitiria o aproveitamento deste
imóvel por parte da autarquia.
Mas, mais do que garantir a proteção e recuperação deste monumento, defendemos que a sua utilização,
fruição e fins se mantenham públicos.
Assim, propomos que se proceda à urgente proteção e célere recuperação do Forte de Santo António da
Barra, que se englobe o Forte Velho numa ampla estratégia nacional de divulgação do património cultural,
histórico e material de Portugal e que se mantenha a sua identidade histórica e cultural, protegendo-o de
interesses meramente corporativos e económicos, garantindo, assim, a sua utilidade pública.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, tem agora a palavra a Sr.ª Deputada
Ana Mesquita.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Forte de Santo António da Barra é
um forte costeiro para defesa marítima, cuja construção foi integrada no programa filipino de fortificações da
barra do Tejo e que contou com o contributo técnico de engenheiros militares de origem italiana.
Constituiu-se como o mais importante ponto intermédio da defesa costeira entre a fortaleza de São Julião da
Barra e a fortaleza de Nossa Senhora da Luz, também conhecida como Cidadela de Cascais, em complemento
do Forte de São Lourenço da Cabeça Seca ou Bugio.
O estado a que este imóvel chegou em termos de degradação mais não reflete do que décadas e décadas
de política de direita no que concerne ao nosso património cultural, designadamente o património edificado.
Portanto, este súbito interesse do CDS na sua salvaguarda não deixa de ser muito curioso, até tendo em
conta a prática política do Governo anterior nesta matéria. Quanto a isso, podemos lembrar precisamente uma
listagem — e bem nos lembramos dela — com mais de 60 quartéis e fortes que o Governo PSD/CDS queria
privatizar e para cuja salvaguarda não houve cá contemplações. E se acompanhamos a necessidade de
salvaguardar e dinamizar o património — e assim votaremos em conformidade —, já não acompanhamos o
princípio de transferência ad hoc de responsabilidade sobre o património cultural edificado para as autarquias.
Conforme é sabido, é um processo que nos merece a maior das reservas. Inclusivamente, diversas
associações e sindicatos da área da arqueologia e do património têm alertado para o risco que esta opção pode
acarretar em termos de aprofundamento da degradação, dificuldades técnicas que podem vir a surgir,
dificuldades financeiras que, com certeza, vão ser comportadas quanto à sua manutenção, sendo previsível um
desfecho para muitos e muitos casos: a privatização do património.
Por fim, não podemos deixar de assinalar que tarda, e tarda mesmo, a implementação da proposta que o
PCP apresentou no Orçamento do Estado para 2018 e que estabelece a execução de um programa nacional
de emergência do património cultural para a conservação e preservação do património edificado público
classificado, ou em vias de classificação, a nível nacional.
Urge que seja cumprida esta medida do Orçamento do Estado para 2018 e o PCP vai continuar a bater-se
pela sua concretização.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge
Campos.