I SÉRIE — NÚMERO 64
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famílias, dada a situação de pobreza em que se encontram. Ficar sem esta verba pode significar para muitas
famílias não ter o que comer.
A segunda é a evidente contradição com o conteúdo da Convenção dos Direitos das Pessoas com
Deficiência. Recordamos que o Comité dos Direitos das Pessoas com Deficiência recomendou ao Estado
português, em abril de 2016, a revogação dos regimes de tutela total e parcial.
Esta exigência da segurança social é ainda mais incompreensível quando já deu entrada no Parlamento uma
proposta de lei que vem alterar o regime existente.
A situação destas famílias tem de ser resolvida imediatamente. Isto não pode continuar.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
O Sr. Jorge Falcato Simões (BE): — Outro tema que nos preocupa é a atribuição de produtos de apoio. A
situação é grave e exige uma solução rápida.
A análise e o deferimento dos processos continua a demorar imenso tempo, por vezes mais de um ano,
embora o Governo tenha informado as Nações Unidas de que o prazo máximo é de 60 dias.
A segurança social, baseando-se num manual de procedimentos, exige recibos de água, eletricidade, renda
de casa e declarações de IRS e introduz uma condição de recursos, contrariando um decreto-lei que diz que a
atribuição desses produtos de apoio é universal e gratuita.
O Ministério da Saúde, através de uma mera circular normativa, alterou os critérios existentes e restringiu o
acesso a fraldas a quem tenha insuficiência económica. É uma nova condição de recursos, um novo atropelo à
lei, de um Ministério que, em 2016, gastou em produtos de apoio 2 170 000 € quando tinha 7 milhões disponíveis
no Orçamento.
Sr.as e Srs. Deputados, reconhecemos avanços nas políticas para a deficiência, avanços importantes, embora
ainda tímidos, face à expectativa que foi criada. É preciso fazer muito mais.
O Governo comprometeu-se junto do Comité dos Direitos das Pessoas com Deficiência a apresentar uma
estratégia para a deficiência até abril do ano passado, tendo comunicado um mês antes que Portugal iria
elaborar uma nova estratégia denominada «Livro Verde e Agenda para a Inclusão» e que o calendário para o
seu desenvolvimento estava definido.
Precisamos urgentemente dessa estratégia. Precisamos de saber quais os objetivos que queremos atingir,
que ações são necessárias, qual o calendário e o financiamento para a sua execução para termos, de facto,
uma estratégia baseada num modelo social e de direitos humanos. Só assim será possível definir políticas
consequentes.
Sr.ª e Srs. Secretários de Estado: Deste debate têm de sair respostas claras. As pessoas com deficiência
precisam de saber com o que contam.
Vai o Governo evitar a inabilitação de milhares de pessoas com deficiência, informando que não será
necessário esse procedimento para receber a PSI?
Vai o Governo esclarecer de uma vez por todas que a atribuição de produtos de apoio é universal e gratuita
e que é ilegal alterar um decreto-lei através de uma circular normativa ou um manual de procedimentos?
Vai o Governo passar a cumprir o prazo de atribuição de 60 dias?
Quando estará concluído o chamado Livro Verde e quando é apresentada a estratégia para a deficiência que
deveria ter sido apresentada há 11 meses?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Srs. Deputados, faremos um pequeno compasso de espera para que o
Sr. Deputado Jorge Falcato retome o seu lugar.
Pausa.
Aproveitando para cumprimentar os membros do Governo aqui presentes, vou dar a palavra à Sr.ª Secretária
de Estado para a Inclusão das Pessoas com Deficiência.