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29 DE MARÇO DE 2018

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Refere ainda o Relatório, e explicitamente, que outras medidas estruturais, designadamente nas vertentes

económicas e sociais, terão agora de ser aceleradas, sobretudo – e digo eu – as que estão já previstas, e são

muitas, pela Unidade de Missão para a Valorização do Interior.

A par do documento sobre os incêndios de junho, este novo Relatório constitui uma base de conhecimento,

de investigação e de análise sustentada que, pela unanimidade de pontos de vista e qualidade técnica que o

caracterizam, já está a contribuir para esta mudança tão urgente quanto necessária.

Estas mudanças implicam, necessariamente, consenso para dar sustentabilidade política efetiva às

recomendações da Comissão Técnica Independente e é na realização deste consenso, em torno das conclusões

da Comissão e sem exclusão de outros contributos, que se coloca o desafio político mais relevante a todos os

órgãos de soberania, a começar pelas forças políticas desta Assembleia, que representa o povo português.

Do lado do Governo, temos assistido a uma total abertura para acolher todas as recomendações da

Comissão e do Parlamento, como demonstrou logo em outubro, e o mesmo se diga relativamente aquela que

tem sido a ação do Sr. Presidente da República, sempre presente e empenhado.

Este é, pois, o tempo certo para que todos os partidos representados nesta Câmara se juntem à sociedade

civil, às autarquias, ao Governo e ao Presidente da República, num amplo consenso em torno deste gigantesco

esforço nacional que está em marcha e que se propõe devolver a confiança devida às pessoas e aos territórios,

tanto em relação ao papel do Estado na sua defesa e proteção como em relação ao futuro das suas vidas e das

gerações vindouras.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma segunda intervenção, o Sr. Deputado

Carlos Peixoto, do PSD.

O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Queria

começar por cumprimentar de forma especial os membros da Comissão Técnica Independente e das

corporações de bombeiros que estão na galeria, referindo que esta Comissão produziu um relatório que é isento

e imparcial, que nada tem a ver com partidos e que, em conclusão, arrasou este Governo.

Perante esta dura evidência esperava-se que uma voz humilde de um membro do Governo, especialmente

do seu líder, porque a importância justificava isso mesmo, viesse aqui assumir perante os portugueses a sua

responsabilidade e se vergasse perante as vítimas e as suas famílias.

Não se tratava tanto de pedir desculpa, embora ninguém estranhasse essa sobriedade; tratava-se, apenas,

do básico reconhecimento de que não fez o que podia e não fez o que devia e, por causa disso, perderam a

vida 49 pessoas, 70 ficaram feridas, 800 ficaram sem a sua primeira habitação e 500 viram as suas empresas

esfumar-se. Foi dizimada uma área equivalente a 5000 campos de futebol. Um drama quase sem precedentes.

Em vez dessa esperada e condigna modéstia, como se comportou o Governo? Com soberba! Esta é a

palavra. Culpou, em primeiro lugar, o poder da natureza; depois, apontou o dedo à EDP; depois, insurgiu-se

contra os proprietários das matas porque não as limpam, como se o Estado limpasse as suas; depois, acusou

a comunicação social de informar pessimamente e, já em desespero, ensaiou uma coreografia de fim-de-

semana com um simulacro de limpeza da floresta…

O Sr. Santinho Pacheco (PS): — Por isso é que o Rio foi logo atrás!

O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — … por vários ministros, que demoraram mais tempo a vestir a indumentária

que lhes entregaram do que a pegar na enxada para limpar as florestas.

Aplausos do PSD.

Podia até ter sido uma campanha de sensibilização meritória e justificável. É verdade! Podia ter sido mas

não foi, e não o foi pelo momento em que ocorreu.

Ironia das ironias: esta ação veio chamar a atenção para uma situação relativamente à qual o Relatório diz

que o Governo não teve atenção nenhuma, em momento nenhum do seu mandato.